Notas sobre a aquisição do Spike LR pelo Exército Brasileiro

Por: César A. Ferreira

Nesta presente data, 30 de novembro de 2021, o Exército Brasileiro anunciou a empresa israelita Rafael Defense como fornecedora futura de um lote do míssil anticarro Spike LR, na quantidade de 100 unidades e 10 lançadores. O contrato a ser firmado prevê instrução e suporte logístico e possui no presente momento a cifra de US$ 19,023,200.00, equivalente a cifra de R$ 106.992.126,99 na cotação de 5,62 reais por 1 dólar norte-americano.

O Spike LR é um míssil guiado anticarro (ATGM: Anti-Tank Guided Missile. Ing), cuja orientação se dá por visada direta a partir de sensor infra-vermelho em matriz eletro-ótica (CCD, IR). Possui, também, a opção de disparar e esquecer (Fire and Forget. Ing). A versão LR exibe alcance na faixa dos 5.000 metros e capacidade de penetração de 700mm em aço balístico homogêneo (RHA). É uma arma pesada pois apresenta 45kg[1] de peso junto ao seu contêiner de disparo.

O seu rival mais famoso e que faz parte da dotação do Exército Peruano (288 unidades e 24 lançadores), o Kornet-E, exibe valores mais favoráveis em alcance, 5.500 metros e capacidade de penetração, 1.200mm de aço balístico homogêneo (RHA). O Brasil produz um míssil anticarro nacional, o MSS 1.2 AC, fabricado pela empresa SIATT – Sistemas Integrados de Alto Valor Tecnológico, todavia não há nenhuma notícia de uma encomenda recente deste sistema, MSS 1.2 AC pelo Ministério da Defesa do Brasil. As únicas notas existentes fazem alusão a aquisição de dois pequenos lotes por parte do Exército Brasileiro e da Marinha do Brasil, nos valores de 25,6 milhões de reais para o Exército Brasileiro (ano corrente de 2008) e de 21,6 milhões para a Marinha do Brasil (ano corrente de 2009). O MSS 1.2 apresenta como característica o alcance limite de 3.200 metros e penetração de 700mm de aço balístico homogêneo (RHA). Compartilha com o Kornet-E o sistema Beam Rider com orientação (orientação de visada direta por feixe laser).

A pergunta que se faz agora é se a presente aquisição da empresa estrangeira Rafael Defense (Rafael Advanced Defense Systems Ltd) irá sepultar de vez a iniciativa nacional do míssil MSS 1.2 AC e o quanto afetará, caso isto se dê, a saúde da empresa SIATT.

Nota do Autor:

[1]: a título de comparação o Kornet pesa 31kg na sua última versão, EM, e o sistema brasileiro 52,8 kg, quando dotado do tripé.

Su-34M para a Argélia

Su-34 para a Argélia?
Governo argelino estaria para concluir acordo para aquisição de 20 aeronaves de ataque Su-34M.

Por: César A. Ferreira

A República Popular da Argélia estaria prestes a concluir uma negociação que visa a aquisição de 20 aeronaves de ataque Su-34M. o acordo englobará um pacote amplo de armamentos, manutenção, aquisição de spare parts, bem como a formação de pilotos e de pessoal de apoio (engenheiros, técnicos e mecânicos). A previsão de entrega do primeiro lote situa-se no corrente ano, 2021, estando o curso em solo russo previsto para ter inicio em 2022. É interessante notar que o primeiro lote de seis aeronaves servirá para instrução precursora em solo argelino para pilotos e pessoal de apoio. As 14 aeronaves restantes do contrato vindouro serão entregues em lotes subsequentes.


Esta notícia é de fato surpreendente caso se confirme, dado que a Al Quwwat Aljawwiya Aljaza’eriiya – Força Aérea da Argélia, encomendou recentemente 16 Su-30MKA e está em processo de recebimento e comissionamento destas aeronaves, adquiridas com o intuito de complementar as outras 58 aeronaves do tipo (Su-30 MKA).

Ficha técnica
Dimensões
Comprimento: 23,34 m;
Envergadura: 14.7 m;
Altura: 6,09 m;
Área rotor/asa: 62.04m;

Pesos
Vazio operacional: 8,000 kg;
peso vazio: 22,500 kg;
Carregado: 39,000 kg;
Máximo de Decolagem: 45,100 kg;

Desempenho
Velocidade Máxima: Mach 1.8 (2,000 km/h);
Teto Operacional: 15,000 m (49,200 ft);
Raio de Ação: 4,000 km (2,490 mi).

Motores
Quantidade e Tipo: 2 x turbofans de pós-combustão.
Marca: Lyulka;
Modelo: Lyulka AL-31FM1;
Empuxo seco: 7.600 kgf (74.500 N);
Empuxo em pós-combustão: 13.500 kgf (132.000 N);

Armamento
Canhão único GSh-30-1 de 30 mm (150 cartuchos);

Lista de armamentos integrados – mísseis:

Ar-Ar: R-27; R-73E; R-77.
Ar-Superfície: Kh-29T/L; Kh-38; Kh-25MT/ML/MP; Kh-55; Kh-59M; Kh-58; Kh-31; Kh-35 e P-800 Oniks (Kh-35 e P-800 são vocacionados para a função “anti-navio”, sendo que o Kh-31 pode também ser empregado nesta função. O Kh-55 é um míssil de cruzeiro, capaz de portar uma ogiva nuclear tática),

Bombas:
KAB-500L; KAB-500KR; KAB-500S; KAB-1500L/KR (Guiadas); OFAB-250-270; OFAB-100-120; FAB-500T; BETAB-500SHP; P-50T; ODAB-500PM (Não Guiadas); RBK-500;SPBE-D (fragmentação).

Um Dia de Cão em Caracas

Por: César Antônio Ferreira

Não vamos nos enganar, a Venezuela sofreu neste dia 30 de abril de 2019 um dica de cão, típico das guerras híbridas, das quais são vítimas todas as sociedades donas de subsolo rico em hidrocarbonetos, ou que sejam uma passagem estratégica para o trânsito dos mesmos, que sofrem dolorosamente apenas por exibir politicas afirmativas da sua soberania por ventura dissonantes dos interesses dos EUA e dos seus associados da OTAN.

O roteiro é bem conhecido: aproveitando-se do fato de que nenhuma sociedade é monolítica, fomenta-se através das redes sociais uma oposição cujas bandeiras reivindicativas são induzidas a partir de pesquisas analíticas do conteúdo circulante no ambiente cibernético da nação alvo. Esta é a primeira parte e a de maior novidade. Na medida em que as lideranças vão se enfraquecendo no campo político, a engrenagem põe-se a rodar… Manifestações com tópicos de abrangência universal, como o “combate à corrupção”, um mal sempre associado as autoridades de plantão, e a “falta de liberdade”, pouco importando se suposta, ou verdadeira.

Caso a unidade política da nação alvo mantenha-se de pé, parte-se para a fase dois: a criação de situações capazes de criar comoção, tanto no âmbito interno, como externo, com intuito de se capitalizar os sentimentos difusos e canalizá-los em prol das emoções básicas como a equidade e o desejo de vingança, além da apropriação do discurso narrativo da “promoção da justiça”. Neste momento a liderança opositora, a partir da atenção midiática que lhe é dedicada encarnará a “sobriedade do justo”, enquanto a liderança nacional será demonizada, apontada como a responsável direta pelos trágicos eventos, estrategicamente registrados pela mídia, em suma, o líder nacional será para todos os efeitos um…  “Demônio encarnado que ataca o próprio povo”.

Este roteiro já foi visto várias vezes, tanto que podemos elencar as nações que foram vítimas: Líbia, Síria, Iraque, Ucrânia, dentre as operações de sucesso, Rússia e Turquia, entre as fracassadas (não chegaram a Fase 2), além do Brasil, exemplo mais bem sucedido, visto que houve a cooptação direta da classe média, tornando desnecessária as ações de desestabilização.  Todavia, este não é o caso da Venezuela: o país está mergulhado em uma crise econômica sem precedentes, mas, apesar da depressão econômica reinante ser, como se percebe, um fator de divisão social, a população começa a perceber que algo mais está em jogo do que a mudança pura e simples do mandatário. Tanto é assim que a quartelada promovida neste 30 de abril último resultou em um sonoro fracasso.

Há de se perguntar o motivo do fracasso do golpe promovido pelo senhor Guaidó, e uma das respostas é a previsibilidade dos atos. De fato, a Venezuela foi um protótipo de guerra híbrida no distante ano de 2002, quando uma outra quartelada, então  efetivada pelo o que havia de mais antigo e retrógrado no espectro político venezuelano,  depôs Hugo Chávez, apenas para ver o cerco popular do Palácio Miraflores e o retorno triunfal de Chávez… Neste golpe fracassado houve um detalhe importante: um atentado de falsa bandeira, feito pelos golpistas, que consistia em disparos contra manifestantes contrários ao presidente Hugo Chávez…

O uso de franco-atiradores para ataques de falsa bandeira é um modo operativo recorrente nas realizações de “mudança de regime” mundo afora. Tal como testado na Venezuela foi aplicado na Síria, Iraque, Líbia e Ucrânia. É desnecessário dizer que as mortes são atribuídas aos “agentes do governo”, incendiando com emoções extremas os nacionais, que se identificam com as vítimas e com isto colocando qualquer um que não professe as mesmas convicções como inimigo desprovido de humanidade e de identidade. Neste dia 30, para desespero de Guaidó, os atiradores foram neutralizados pelas forças de seguranças venezuelanas. Um roteiro conhecido pode ser antecipado.

Entretanto, se os snipers não funcionaram à contento, ao menos houve para os golpistas a imagem de manifestantes atropelados por blindados. Uma cena lamentável neste enredo, pois era evidente uma reação de força por parte dos militares que protegiam os acessos da base aérea Generalíssimo Francisco de Miranda, localizada no centro de Caracas [1]. Dá-se que era evidente que se pretendia fazer-se na referida base um ato político afirmativo, bastante simbólico, uma espécie de tomada da Bastilha caribenha, mas… Redundou em fracasso. O número de manifestantes parecia significativo quando a câmera estava fechada, mas quando aberta em grande angular percebia-se que os manifestantes presentes não encheriam o Engenhão [2], tal como se vê quando o Botafogo [3] está em má fase.

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Arma apreendida ppelas forças de segurança que se destinava para ataques de falsa bandeira. Foto: Topete GLZ. Internet.

Com manifestantes atropelados, ou não, Maduro sai fortalecido, mais uma vez. Pois a quartelada do dia 30 de abril se soma a fracassada entrega forçada de “ajuda humanitária” [4} cujo objetivo era justamente a de provocar um incidente, um cadáver para ser lamentado, o que não se deu. Estes fracassos reiterados acabam por expor Guaidó como líder sem carisma pessoal, farsesco, e artificial, que acabou por apostar alto demais. Aposta leviana, visto que agora os seus atos não se escusam atrás de uma “ajuda humanitária”, ou “oposição democrática”, mas consistem de um levante declarado contra o governo venezuelano, um crime objetivo, portanto.

Algo mais

Cabe perguntar: por que Guaidó se arriscou hoje? Simples, porque contava ele com algo mais… Cadáveres que lhe dessem a justificativa para uma intervenção armada dos EUA. Ora, pois, não seria uma especulação descabida? Nem tanto, se considerarmos que o Sr. Jair Messias Bolsonaro, Presidente da República Federativa do Brasil, comunicou que decidiria exclusivamente com o Conselho de Segurança Nacional sobre a Venezuela [5]. Isto foi dito, acredite, ainda que se saiba ser uma responsabilidade do Congresso Nacional as declarações de hostilidades abertas para com outras nações. (art. 137º)[6]. Ora, ora, ganha um doce quem não previu que tais eventos foram discutidos no encontro havido entre os presidentes Trump e Bolsonaro,

Não deu certo a jogada, haverá outra, e outras…

Notas:

[1] Base Aérea icônica, conhecida por “La Carlota” área de 105 hectares, abriga o Comando Geral de Aviação. O Palácio Miraflores situa-se a alguns quilômetros. Ver em Jornal GGN: Gilberto Maringoni_ Ação irresponsável evidencia isolamento de Guiadó.

[2] Estádio Nilton Santos, Rio de Janeiro, Brasil. Capacidade para 40 mil torcedores.

[3] Botafogo de Futebol e Regatas, tradicional grande clube do futebol brasileiro, sediado na cidade do Rio de Janeiro.

[4] 23 de fevereiro de 2019.

[5] “A situação da Venezuela preocupa a todos. Qualquer hipótese será decidida EXCLUSIVAMENTE pelo Presidente da República, ouvindo o Conselho de Defesa Nacional. O Governo segue unido, juntamente com outras nações, na busca da melhor solução que restabeleça a democracia naquele país”. (Brasil 247 – Conforme publicado no Twitter).

[6] “Em relação ao tuíte do presidente Jair Bolsonaro sobre a situação da Venezuela, é importante lembrar que os artigos. 49, II c/c art. 84, XIX; c/c art. 137, II da Constituição Federal precisam ser respeitados”, (Brasil 247 – Deputado Federal Rodrigo Maia – DEM /RJ).

 

Por que a Boeing precisou muito da Embraer?

Fonte: Jornal GGN

Por: Sérgio da Motta e Albuquerque

Ao contrário do que pensam muitos, foram as dificuldades da Boeing e as pressões da competição que a impulsionaram na direção da compra da brasileira Embraer, e não o contrário. Quem acredita na artimanha da “joint-venture” anunciada na imprensa, onde a Embraer só controla 20% da nova empresa, é um ingênuo. Ou alguém que não vem acompanhando o desenvolvimento e a concorrência na aviação comercial regional das aeronaves de médio porte. O mercado onde atuava a “velha Embraer” – a ‘velha’, poderosa e confiável Embraer, nosso único orgulho e glória no mundo industrial de alto valor agregado.

A Embraer era uma empresa “enxuta”, bem administrada e inovadora. A primeira a organizar suas linhas de montagem seguindo o modelo da indústria automobilista. Obra de excelência da engenharia nacional, ela criou seu próprio modo de produção de aeronaves, ao compatibilizar tecnologias avançadas de origem internacional em seus produtos como nenhuma outra neste ramo. Colecionava uma sucessão de grandes vendas, quando foi entregue por 4,2 bilhões de dólares aos ianques da Boeing. O lobby americano é muito forte neste país, especialmente neste momento, de alinhamento incondicional aos ianques. E a nossa imprensa é subserviente a qualquer tipo de poder econômico. Mentiu o tempo todo à população brasileira, e conseguiu convencer muita gente que a Embraer estaria em “graves problemas”, diante do acirramento da competição internacional no mundo da aviação comercial regional.

É certo que a corporação brasileira precisava de parecerias. E poderia enfrentar problemas no futuro sem um bom e poderoso aliado. O problema é que a Embraer tinha poder de mercado para fechar um acordo muito mais favorável com qualquer gigante da aviação mundial. Mas não uma proposta oportunista de um colosso que e engoliria e a expulsaria do mercado de aeronaves de passageiros de porte médio. Foi isso o que aconteceu. A tal “joint-venture” nunca passou de um estratagema para tomar o controle da Embraer em um momento de fragilidade política e econômica do Brasil. Porque a competição começou a dar prejuízo à gigante da aviação americana. Leiam o que vem a seguir e entenderão as dificuldades da corporação ianque.

A Boeing teve problemas quando a Bombardier, depois de uma série de tropeços e avanços por mais de uma década, finalmente lançou sua nova aeronave a “C-Series” em 2016. As dificuldades agravaram-se em 2017, informou o Financial Times (14/1). A Boeing apelou ao Departamento de Comércio ianque. Exigiu medidas protecionistas de até 300% do valor da operação, em 2017, sobre a venda de 75 aviões da Série C da Bombardier para a Delta Airline, a maior vendedora de passagens aéreas do mundo. A Airbus, controladora da Série C , começava a vender os aviões da Bombardier, sob o nome “A-220” em 2018. A Delta foi ameaçada a pagar a multa gigantesca. Até aquele momento, a Boeing não tinha presença no mercado da aviação regional em aviões de porte médio e corredor único – os “narrowbodies”, como são conhecidos no mundo da aviação. E começava a perder terreno para a concorrente. Dentro do seu próprio país.

A Bombardier, por sua vez, teve dificuldade para desenvolver e entregar sua Série C, a famosa “C-Series”. A série inicial já estava em estudos desde 2004 e envolvia dois aviões, o C110, e o C130 – este último projetado para ser uma aeronave maior. Seu principal objetivo era ocupar o espaço dos velhos jatos 737 da Boeing e outros concorrentes similares de maior peso e tamanho. Depois de uma interrupção de quatro anos, o projeto da nova família de aeronaves foi retomado em 2008. Os aviões foram rebatizados: o menor, o C110, passou a chamar-se CS100. O maior, CS300. O resultado foi o esperado: a fabricante canadense tentou enfrentar as gigantes Airbus e Boeing com o CS300 e quase faliu. Em 2015 o governo canadense salvou o projeto “C-Series”. A empresa parecia ter chegado ao fim, quando o governo canadense investiu U$ 2,2 bilhões de dólares (americanos), na recuperação do projeto, depois desta tentar e fracassar quebrar o duopólio Boeing-Airbus em jatos médios. A injeção estatal de dinheiro salvou a Bombardier e a recolocou em condições de competir no mercado mundial, com as primeiras entregas da aeronave sendo realizadas sem problemas, mas ainda com muitas dúvidas sobre os lucros que poderia gerar a possibilidade da nova união das duas gigantes:

“É certo temer a nova combinação (Airbus-Bombardier). Apesar de a Airbus ter perdido terreno nos aviões “jumbo” de corredores duplos, enquanto atualiza seu alcance, a gigante europeia já agarrou metade do mercado para aviões regionais de porte médio, como a “C-Series”. Analistas pensam que a união aprofundará o controle da Airbus. A Boeing agora terá que gastar dezenas de bilhões de dólares para lançar um novo jato regional para competir, muito antes do panejado” (Grifo do Autor).

A Boeing estava em problemas, graças à aliança Airbus-Bombardier. Ela não tinha um produto para competir no mercado, neste setor. Desembolsar “várias dezenas de bilhões de dólares” não era uma boa opção. A corporação ianque foi astuta e não precisou gastar tanto dinheiro para abalar a concorrência da Airbus dentro dos Estados Unidos. Nem comprar apenas uma aeronave para concorrer com o A-220 – o produto da Bombardier. Por uma quantia modesta, a Boeing comprou todo o setor de aviação comercial e de serviços da Embraer. E ainda adquiriu 49% de participação no cargueiro militar KC-390, o maior avião já projetado e construído no Brasil. Tudo isso por apenas 4,2 bilhões de dólares. A compra veio em boa hora. Para a Boeing, não para o Brasil ou para a Embraer. Foi um presente para Trump, e seu projeto de “fazer a América grande novamente”.

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O KC-390 em sua apresentação. O acordo com a Boeing resultou na entrega de 49% das realizações do projeto do cargueiro militar, sem que a gigante norte-americana tenha aportado um dólar sequer no mesmo. Foto: internet.

Em 14 de janeiro de 2019, o Financial Times informou que o governo americano negou o pedido da Boeing de taxar em 300% a Airbus e sua linha de montagem atual do A-220, o antigo “C-Series”, ainda situada fora dos Estados Unidos. Mas a gigante norte-americana agora estava preparada para a competição. Com toda a bem-sucedida linha comercial da Embraer sob seu controle, ela poderia respirar aliviada. Sem nenhum avião na para competir com o A-220 da Airbus em 2018, a Boeing agora em 2019 é dona de uma das maiores e bem-sucedidas fabricantes de aviões regionais de maior porte do mundo.

A agência de avaliação de risco Fitch (15/1) imediatamente rebaixou a nota da empresa brasileira depois da “joint-venture”. O que restou da Embraer, o setor de aviação executiva e a aviação militar, não bastam para o prosseguimento das operações de uma grande empresa de aviação. O jornal “Valor econômico” publicou (15/1):

“Segundo a Fitch, o perfil de negócios da joint-venture que será formada entre Embraer e Boeing será mais fraco, refletindo a concentração das operações nos segmentos de aviões de defesa e executivo, a forte concentração de clientes e o desafio em aumentar a lucratividade e o fluxo de caixa operacional”.

Os lucros na aviação executiva são pulverizados por uma grande quantidade de fabricantes. E o setor militar dependia da aviação comercial da Embraer, agora vendido aos norte-americanos. Nossas forças armadas e suas encomendas não bastam para a sobrevivência da Embraer Defesa.

A Bombardier fez, talvez, seu melhor negócio em sua história. Vendeu apenas uma família de aviões, e permaneceu na competição do mercado de aviação regional. A Embraer, não. Perdeu seu filão mais lucrativo, em pleno apogeu de vendas da empresa. Apenas ela, entre as quatro grandes na produção de aviões comerciais, a nossa ex-Embraer, sobrevive sem ajuda do governo brasileiro. A Boeing, a Airbus e a Bombardier são corporações pesadamente financiadas pelo Estado. Fizemos a lição de casa, privatizamos a Embraer, e a tornamos independente e dominante no mercado em poucos anos. Apenas para entregá-la quase de graça aos americanos. Porque ela “precisa da ajuda do Estado”, e o nosso governo não pode mais alavancar empresas deste porte, dizem as vozes do neoliberalismo. Mesmo quando sua propriedade total representa interesse estratégico fundamental para o desenvolvimento deste país.

O Brasil e a Embraer saíram perdedores, nesta etapa da competição mundial no setor da aviação regional comercial para até 130 passageiros. Airbus e Boeing são as grandes favorecidas. O acordo Boeing-Embraer foi péssimo para o Brasil e para a Embraer. E a Bombardier ainda tem muito a provar aos especialistas em aviação. Nada garante sua participação no longo prazo, na aviação regional. A tendência da Airbus é ampliar o seu controle sobre o setor de aviação comercial da Bombardier.

Quanto ao impacto no Brasil, perderemos receitas de exportações industriais de alto valor agregado e na arrecadação de impostos. Todo o embrião do complexo industrial-militar construído a partir do ITA em São José dos Campos corre o risco de desaparecer. Hoje, os ianques prometem deixar a produção das aeronaves no Brasil. Mas a partir de 2020, quando a Airbus em Mobile, Alabama, começar a fabricar e vender o A-220 (o “C-Series” da Bombardier), dentro dos Estados Unidos, como produto norte-americano, vai ser muito difícil enfrentar a concorrência pesada da Airbus com um produto fabricado fora dos Estados Unidos.

A tendência de médio, longo prazo, é a transferência de toda a linha de montagem da aviação comercial para os Estados Unidos. As consequências serão devastadoras. A Embraer não existe só, no espaço vazio. Ela traz consigo toda uma cadeia produtiva de pequenas e médias empresas que orbitam em torno dela. A transferência da linha comercia da Embraer para os Estados Unidos completará a total desindustrialização do Brasil.

Força Aérea Brasileira realiza treinamento inédito de guerra irregular

Por: Taciana Moury
Fonte: Diálogo Américas

O Exercício Operacional Tápio mobilizou 700 militares e 42 aeronaves durante 16 dias de treinamento.

A atividade inédita reuniu durante 16 dias, entre abril e maio de 2018, aproximadamente 700 militares pertencentes ao efetivo de 21 esquadrões aéreos diferentes. Foram empregadas no treinamento 42 aeronaves das diversas aviações da FAB: caça, asas rotativas, transporte, busca e salvamento (SAR, em inglês) e reconhecimento. Dentre elas, as aeronaves C-130 Hércules; C-105 Amazonas; SC-105 Amazonas SAR; C-95 Bandeirante; E-99; A-1 AMX; A-29 Super Tucano, além dos helicópteros H-36 Caracal; MI-35 AH-2 Sabre e H-60L Black Hawk. Juntos eles voaram cerca de 1.200 horas.

O exercício aconteceu na Ala 5, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, região centro-oeste do Brasil. Segundo o Coronel Aviador da FAB André Luiz Alves Ferreira, codiretor do exercício e chefe da Divisão de Controle do Preparo Operacional do Comando de Preparo (COMPREP), a escolha da unidade para sediar a primeira edição do Tápio não foi por acaso. “A Ala 5 é muito versátil e possui organizações capazes de realizar ações de busca e salvamento, defesa aérea, transporte aéreo logístico e atuações em operações especiais”, disse à Diálogo o Cel André Luiz. “Além disso, a região possui uma meteorologia muito favorável nessa época do ano e uma área geográfica com características adequadas à execução do exercício”.

O Cel André Luiz contou ainda que a atividade teve o objetivo de adestrar os esquadrões aéreos e as unidades de infantaria em ações combinadas. “O foco era realizar um amplo e racional treinamento, baseado num cenário de emprego realístico e atual. Caso a FAB, no futuro, venha a ser engajada em missões de paz da ONU, a capacitação será muito válida”, destacou.

Além dos militares da FAB, participaram do EXOP Tápio quatro membros do Exército Brasileiro e quatro da Marinha do Brasil. Os militares atuaram como guia aéreo avançado, ou seja, coordenadores de ataques aéreos a alvos de oportunidade em uma área definida. “Foi uma excelente oportunidade de execução de atividades conjuntas em aproveitamento a um exercício sob o controle da FAB”, revelou o Cel André Luiz.

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O resgate simulado de um tripulante em terreno hostil.  Foto: Segundo-Sargento Bruno Batista.

Missões aéreas compostas

Os esquadrões aéreos e unidades de infantaria participaram das mais importantes ações da Força Aérea. Foram realizadas missões de apoio aéreo aproximado, controle aéreo avançado, escolta, reconhecimento aéreo, infiltração e exfiltração aérea, SAR em combate, evacuação aeromédica, assalto aeroterrestre e defesa antiaérea, entre outras.

“Iniciamos com algumas orientações de cunho doutrinário, com vistas a massificar importantes conceitos operacionais voltados para os voos propriamente ditos. As atividades aéreas ocorreram a partir do segundo dia e, conforme o planejamento, a complexidade evoluiu gradualmente, até chegarmos aos voos em pacote, termo usado para designar as missões aéreas compostas (COMAO, em inglês)”, revelou o Cel André Luiz.

O Brigadeiro do Ar da FAB Augusto Cesar Abreu dos Santos, diretor do exercício e comandante da Ala 5, declarou à Agência Força Aérea que o grande benefício da Tápio foi a realização das COMAO. “São várias aeronaves, em torno de 20, que decolam juntas para cumprir determinados objetivos, e a coordenação é muito complexa e importante. Tivemos êxito em mais de 90 por cento dos cenários simulados que treinamos”.

Qualidade do treinamento beneficia esquadrões

“Um exercício que envolve 26 esquadrões atuando de forma conjunta não acontece rotineiramente, logo, as trocas de experiências e as lições aprendidas durante a execução das missões nos faz crescer operacionalmente”, avaliou o Tenente-Coronel Aviador da FAB Luciano Antônio Marchiorato Dobignies, comandante do Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação. “O exercício Tápio agregou avanços doutrinários e operacionais às unidades participantes”, complementou.

O Esquadrão Pelicano tem sua sede na Ala 5 e participou do EXOP Tápio com cerca de 100 militares, quase a totalidade do seu efetivo, que é de 130. A equipe realizou 384 missões, a maioria de SAR em combate, e de apoio aéreo aproximado, especialidades da unidade aérea. Destas, 17 missões foram realizadas pelo SC-105, aeronave configurada para missões de SAR. “Atuamos também na coordenação geral do exercício, principalmente no planejamento das missões SAR em combate e na atividade de atendimento pré-hospitalar tático realizada pelos homens de resgate”, explicou à Diálogo o Ten Cel. Marchiorato.

A função do Esquadrão Pelicano durante o Tápio era a de auxiliar no resgate de um tripulante abatido em território hostil e envolvia, geralmente, dois helicópteros tripulados por uma equipe responsável por fazer a abordagem e o atendimento à vítima e de duas a quatro aeronaves de asas rotativas, AH-2 Sabre, ou asas fixas, A-29, que realizavam a escolta dos helicópteros. “A decolagem das aeronaves acontecia de forma coordenada para que os helicópteros fossem constantemente protegidos das ameaças advindas do solo. O SC-105 mantinha-se alto para ficar longe do alcance das ameaças e realizava a atualização da situação geral do terreno e das condições do evasor por meio de sistemas eletro-ópticos, do radar e do sistema de localização de pessoal. A missão lograva êxito quando o evasor era resgatado e todas as aeronaves retornavam em segurança”, explicou o Ten Cel Marchiorato.

Objetivos atingidos

O Cel André Luiz avaliou que a primeira edição do treinamento atendeu prontamente os objetivos estipulados. “Massificamos a doutrina já concebida, adestramos os tripulantes em todas as ações de força aérea previstas e coletamos diversas lições que serão importantes para a execução dos exercícios futuros”.

Além do Tápio, o COMPREP planejou mais dois grandes exercícios operacionais de guerra convencional: o Tínia, idealizado para acontecer em um ambiente de execução terrestre, e o Caríbidis, num ambiente tático marítimo. “A ideia é a realização, a cada ano, de dois dentre esses três EXOP, que serão definidos de acordo com as intenções de comando, fruto da análise prévia quanto à prioridade e necessidade do adestramento”, finalizou o Cel André Luiz.

A ridícula farsa do assassinato que não houve

Por: César A. Ferreira

Pode-se dizer que as autoridades ucranianas dispensam a companhia de humoristas, pois elas mesmas fazem humor… E muito. Nesta quarta-feira a piada veio ao mundo na forma da aparição do “jornalista”, até então assassinado, Arkadiy Babchenko…

A história é a que segue: no dia 29 ultimo, o SBU forjou o “assassinato” de Arkadiy Babchenko, cujo corpo teria sido encontrado pela sua mulher, no apartamento, crivado de balas… Menos de vinte minutos depois uma intensa cobertura de mídia canonizava a suposta vítima, e hostilizava Moscou, apontada como a mandante do assassinato. O mundo inteiro comprou a versão ucraniana que culpava Putin e a Rússia inteira pelo caso… E assim se deu com mensagens solidárias ao morto e hostil aos russos, dos Repórteres Sem Fronteira à BBC…

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A imagem da farsa de Arkadiy Babchenko e do SBU: o sangue provavelmente é molho de tomate. Imagem: Central European News.

Pois bem… Arkadiy Babchenko apareceu no dia 30, vivo, serelepe e pampeiro, com cara de parvo, que talvez lhe seja natural, ladeado pelo Chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia e pelo Procurador Geral,  Yury Lutsenko. A piada de mau gosto foi justificada como uma maneira de evitar que Arkadiy Babchenko viesse a ser eliminado por profissional, que segundo a SBU deveria receber US$ 30.000,00 pelo serviço. Desnecessário dizer que a versão ucraniana passou a carecer de crédito após o país inteiro ter sido feito de bobo pela mídia local, que realizou uma maratona de entrevistas e matérias sobre a vítima, pessoa sem qualquer brilho pessoal até então. O interessante, todavia, foi ver a ginástica intelectual de repórteres e colunistas europeus e norte-americanos em vista da farsa quando revelada. Frank Gardner, correspondente da BBC afirmou ter sido um “engano” que turvaria o caso Skripal... Não se vê em Gardner a indignação natural de ter sido feito de palhaço. Ah! Se fossem os russos…

Os russos, por óbvio, irão tirar proveito desta trapalhada e acusar outra, desta vez britânica, no caso Skripal, afinal, pessoas que nada sabem sobre agente de nervos podem comprar o fato de que existem vitimas que se recuperam em um hospital após expostas a um gás ainda mais poderoso que o agente de nervos VX, mas, quem conhece sobre o assunto sabe muito bem que ninguém exposto a um agente desta natureza sobreviveria… A farsa britânica não é tão grotesca, é mais elaborada e blindada pela mídia ocidental, mas… Ainda assim é uma farsa.

 

A Petrobras é a raiz do golpe

Por: André Araújo
Fonte: Jornal GGN

Não há nenhuma grande petrolífera estatal à venda no mundo e elas são 13 das 20 maiores empresas globais de petróleo. Especialmente não há nenhuma estatal petroleira à venda com grandes reservas de petróleo. É muito menos há estatais à venda com reservas de petróleo no Hemisfério Ocidental.

Nesse sentido a Petrobrás é única. Não só tem as reservas como tem os meios de extrai-la já prontos, ganha-se três anos que levaria para explorar um campo virgem. Nesse quadro a Petrobrás é o objetivo estratégico numero 1 na área de petróleo, especialmente com a elevação do nível de conflitos no Oriente Médio. Nada melhor que um governo frágil para permitir a execução desse projeto de privatização que já começou com a venda de ativos estratégicos da empresa, como oleodutos e a BR Distribuidora, já se anuncia a venda de refinarias, uma empresa em liquidação, a venda final será do pré-sal.

A assunção do grupo Temer ao poder só foi possível com o aval do “mercado”. O preço foi a entrega da totalidade da área econômica a delegados do mercado, Meirelles e Goldfajn na linha de frente, Paulo Pedrosa no Ministério de Minas e Energia, Maria Silvia no BNDES, Wilson Ferreira na Eletrobrás.

Mas a base ideológica do golpe foi o compromisso das privatizações dos dois maiores ativos do Estado brasileiro, a Eletrobrás, prometida à venda por 12 bilhões de Reais para ativos físicos que valem 400 bilhões de Reais e a Petrobrás , que vale só pelas suas reservas 350 bilhões de dólares, sem considerar o valor do mercado brasileiro do qual ela é a única fornecedora (até Parente abrir a importação para concorrentes), mais as refinarias, oleodutos, navios, enormes bases de distribuição, tancagem, apesar de boa parte desses bons ativos terem sido vendidos com sofreguidão pela desastrosa gestão Parente.

Uma das bases dessa gestão foi a lenda da Petrobrás quebrada, que já mostramos aqui em dois artigos, pura lenda, a Petrobrás lançou seis emissões de bônus no período de dois anos antes da gestão Parente, o mercado internacional fez ofertas para compra de três a cinco vezes mais que a oferta, houve inclusive uma emissão de CEM ANOS de prazo, também com demanda muito maior que a oferta, o que jamais ocorreria com uma empresa que mesmo remotamente estivesse com problemas financeiros. Essas emissões tiveram como líderes mega bancos internacionais como J.P. Morgan, Deutsche Bank  e Morgan Stanley, que jamais patrocinariam emissão de bônus em dólar de uma companhia quebrada.

Esses dois ativos, Eletrobrás e Petrobrás valem dez golpes., especialmente com preços de fim de feira, especialidade de gestão tipo Pedro Parente.

A paralisação dos caminhoneiros

Vejo nesse movimento uma amplitude muito maior do que o preço do diesel. Atraves da Historia os grandes movimentos populares tem como gatilho uma questão menor mas além do fato detonador há um pano de fundo muito maior. Neste caso há de forma subjacente a neutralização da candidatura Lula, a paralisia da economia para atender o interesse dos bancos e rentistas, as carências antigas de moradia, saneamento, educação e saúde que este governo nem sequer tocou porque seu programa é apenas atender ao mercado que lhe deu respaldo para assumir o poder e no caminho obter algumas vantagens, o resto não interessa.

Nesse pano de fundo também está o mau cheiro do projeto de privatização da Petrobrás.

Muitas vezes os próprios personagens do movimento não tem consciência de suas preocupações mais amplas, mas elas existem, caminhoneiros são trabalhadores precarizados,

sofridos, arriscam a vida literalmente todos os dias em acidentes e assaltos, depois de paga a prestação do caminhão resta pouco para levar para casa, é uma classe fundamental para o funcionamento do Pais, mal reconhecida, sem nenhuma assistência do Estado e agora desprezada de forma cruel e insensível pela desastrosa gestão da Petrobrás.

A demissão de Pedro Parente seria uma obvia mensagem de paz do Governo aos caminhoneiros, não creio que o movimento cesse sem esse gesto, Parente tornou-se o símbolo de tudo que os caminhoneiros consideram como agressão a sua sobrevivência e sua permanência no cargo, sendo ele o pai da politica de dolarização do preço do diesel, traz enormes e razoáveis desconfianças aos caminhoneiros. Parente mostrou-se um executivo ideológico, insensível, teimoso na sua ideologia que serve somente e exclusivamente ao mercado, ele não está interessado na sobrevivência dos caminhoneiros e estes percebem isso.

Executivos ideológicos ao fim do dia são pobres intelectualmente, são tipos menores, inadaptáveis às circunstancias, Parente tem esse e outros vários defeitos de origem, dois dos mais salientes e ser tucano de carteirinha, foi Chefe da Casa Civil de FHC e ser do grupo dos “neoliberais cariocas”, um grupo único cujo DNA remoto vem de Eugenio Gudin, fundador dos cursos de economia no Brasil e Ministro da Fazenda do desastroso governo Dutra, que achava que o Brasil não deveria ter indústria, já estava muito bom exportar café e algodão.

Os caminhoneiros estão desmontando o grande alvo do “projeto Petrobrás”, que era a privatização para o qual Pedro Parente está preparando o terreno, dolarizando os preços dos combustíveis, uma insanidade porque o Brasil produz 2,3 milhões de barris/dia para um consumo de 2,6 milhões de barris dia, então o Brasil é auto-suficiente em matéria prima petróleo para 88,5% do consumo, só precisa importar 11,5%, do ponto de vista comercial não há nenhuma logica em dolarizar os preços e referencia-los no mercado spot de Rotterdam. Mas a dolarização tem toda logica se for para atender aos acionistas americanos da Petrobrás, a dolarização dos preços é uma lógica para os acionistas estrangeiros, a quem Pedro Parente serve com exclusividade e entusiasmo, ele está no cargo para isso.

O papel de Pedro Parente

Esse executivo de almanaque, que anda com crachá até para ir ao banheiro, tem cara, perfil e histórico de “organization man”, aquele tipo de executivo que subiu na vida seguindo as regras fanaticamente. Não espere desses tipos nenhuma criatividade, capacidade de enxergar longe, visão eclética, sensibilidade das circunstancias. É o tipo do executivo que não serve para a Petrobrás se a ideia for de uma companhia estratégica para o Brasil e seu povo.

Mas Parente não está no cargo para servir ao Pais, sua missão é atender ao “mercado”, ai representado pelos acionistas estrangeiros da Petrobrás é a estes que Parente atende.

Para que a companhia possa dar o melhor tratamento a esses acionistas especialmente os fundos americanos tipo Black Rock, hoje os maiores acionistas da Petrobrás depois da União, Parente dolarizou a Petrobras, por isso o preço do diesel é referenciado pelo dólar, é para atender os fundos americanos acionistas, não é para agradar caminhoneiro.

O governo Temer

A delegação de plenos poderes a Pedro Parente tem como substrato ser ele o delegado do mercado financeiro na Petrobrás, ele não trabalha para o Estado brasileiro, que ele odeia, ele trabalha para o mercado financeiro americano de onde ele veio e para onde ele provavelmente vai voltar. O conglomerado Bunge para o qual ele trabalhava antes de ir para a Petrobras tem sede em White Plains, New Jersey, perto de Nova York. O sinistro grupo Bunge esteve por trás do golpe de 1976 que implantou o governo militar em Buenos Aires, levando ao sequestro dos irmãos Jorge e Juan Born pelos Montoneros.

O grupo Bunge, cuja base era a Argentina mas com raízes no Seculo XIX em Antuérpia na Belgica, então conhecido como grupo Bunge & Born, por causa de sua péssima imagem que restou na Argentina mudou sua sede primeiro para São Paulo nos anos 80 (onde construiu o Centro Empresarial na Marginal Pinheiros, um imenso conjunto de edifícios). Bunge & Born, uma das quatro irmãs do trigo, um grupo tenebroso há mais de 100 anos, é a alma mater atual de Pedro Parente.

A submissão do Governo Temer a Pedro Parente na Petrobras não tem nada de pessoal, é fruto de um grande acordo que avalizou a derrubada do Governo Dilma, por isso Parente parece firme na Petrobrás (até quando ?), sustentado pelo Grupo Globo, as globetes a frente, Miriam Leitão é hoje a Leoa de Chácara de Parente e até a então elogiada Natuza Nery pulou para esse lado do muro, defendendo a Petrobrax New York inimiga da PETROLEO BRASILEIRO S.A. criada por Getúlio para dar independência de petróleo ao Brasil.

È bom não esquecer o laço que liga Pedro Parente ao Governo FHC, o mesmo governo que colocou a frente da Petrobrás tipos vindos do mercado financeiro como Francisco Gros, do Morgan Stanley que não tinha nada a ver com petróleo mas tudo a ver com a Bolsa de Nova York, um estrangeiro nato que falava português com sotaque, o francês Henri Phelippe Reichstul e para fechar a caravana o publicitário Alexandre Machado que criou o nome Petrobrax como preparação para a privatização, desde sempre o projeto neoliberal carioca para a Petrobrás era o sonho do “Grupo do Real”, Arida, Bacha, Franco, sempre quiseram vender a Petrobrás, Eletrobrás, Banco do Brasil, até hoje dão entrevistas para isso.

Não houve condições políticas e tempo para o grupo tucano carioca vender o controle da Petrobrás, mas eles prepararam o terreno, abrindo o capital para estrangeiros e listando a companhia na Bolsa de Nova York, era um importante etapa para em seguida vender o controle porque já haveria uma referencia de preço dada pela cotação na Bolsa de Nova York, a Petrobrás não ganhou nada com essa listagem, só teve prejuízos.

Com a queda do Governo Dilma o “mercado”, via neoliberais cariocas que como abelhas infestam o governo Temer, viu uma oportunidade única para privatizar a Eletrobrás e a Petrobrás, não contavam com acidentes de percurso que podem acontecer.

O grande suporte do “projeto Petrobrás”, como em todos os projetos anti-brasileiros é o Grupo GLOBO, que desesperadamente tenta segurar Pedro Parente exibindo-o como o melhor executivo do planeta, um medíocre que não teve a sensibilidade de perceber e antecipar a esse movimento dos caminhoneiros que é de sua lavra.

 

A Rússia apresenta o seu próprio míssil “Carrier Killer”, e este é mais perigoso que o da China

Como o Kh-47M2 pode alterar drasticamente o equilíbrio de poder no Pacífico.

Por:  Abraham Ait 

Fonte:  The Diplomat (12 de maio de 2018).

O míssil balístico “matador de Porta-Aviões” da China, o DF-21D, ganhou manchetes desde que entrou em serviço, em 2010, por sua capacidade de destruir grandes navios de guerra dos EUA até 1.450 quilômetros de distância das costas do país. O míssil foi fundamental para alterar o equilíbrio de poder nos mares do Sul e do Leste da China a favor de Pequim e expandiu vastamente a zona marítima de negação / defesa de área (A2 / AD) do país em face da crescente presença naval americana. A Marinha dos Estados Unidos, pela  admissão do Instituto Naval dos EUA não tinha defesa contra tais ataques, e o míssil limita a capacidade dos Estados Unidos de responder a uma crise potencial no Estreito de Taiwan, como ocorreu em 1996. Embora o DF-21D seja um sistema de armas único e altamente formidável, um novo sistema de armas implantado a partir de 2018 é susceptível de representar uma ameaça muito maior para os navios de guerra dos EUA no Pacífico – o novo míssil hipersônico Kh-47M2 Kinzhal das forças armadas russas.

O Kinzhal (Adaga) foi revelado pessoalmente pelo presidente russo, Vladimir Putin, em março de 2018, como uma das seis novas armas hipersônicas que entrariam em serviço nas forças armadas russas. Enquanto outras plataformas hipersônicas, caso do Sarmat ((ICBMS: míssil balístico intercontinental) e da ogiva (veículo de entrada hipersônico de precisão) Avangard, que foram projetados unicamente para cumprir um  papel estratégico de ataque nuclear, o que faz com que o Kinzhal se destaque é a sua capacidade de ser usado como uma plataforma de ataque tático com uma ogiva não nuclear – o que equivale dizer que ele faz dos campos de batalha um cenário para ataques de precisão contra alvos militares. Embora o Kinzhal possa carregar uma ogiva nuclear para um papel de ataque estratégico, o que o torna verdadeiramente inestimável é sua capacidade de cumprir um papel tático de caçar navios em escalas extremas – possivelmente melhor do que qualquer outra plataforma de mísseis de longo alcance atualmente em serviço em outros lugares.

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MiG-31K portando o míssil “Khinzal”. Foto: internet.

A ogiva de Kinzhal é estimada entre 500 e 700 kg, uma carga útil formidável, embora seja bem inferior à do DF-21D chinês. O que diferencia o Kinzhal, no entanto, e o torna um caçador de navios verdadeiramente letal é sua combinação de precisão, alcance e velocidade de impacto hipersônica, acima de Mach 5. Mesmo sem ogiva, a energia cinética desse impacto seria suficiente para colocar fora de combate se não destruir, completamente, até mesmo o maior dos navios de guerra. Alguma indicação de seu poder pode ser obtida examinando o míssil de cruzeiro anti-navio BrahMos, russo-indiano, uma plataforma restrita a velocidades de Mach 2.8 e dotado de uma ogiva com 250 kg, que foi desenvolvida para destruir navios grandes, cortando-os pela metade com a pura força do seu impacto em alta velocidade – e apesar da falta de velocidades hipersônicas, provou-se capaz de fazê-lo. A partir disso, pode-se inferir que o Kinzhal (é capaz de fazer).

De acordo com o vice-ministro da Defesa da Rússia, Yuriy Borisov, os militares já modificaram dez interceptadores MiG-31 para portar os mísseis ar-mar Kinzhal desde março. O oficial afirmou sobre as capacidades da arma: “Esta é uma classe de armas de precisão que tem uma ogiva multifuncional capaz de atacar alvos estacionários e em movimento… (Isto) decola no ar, acelera a uma certa velocidade em alta altitude, e então o míssil inicia seu próprio movimento autônomo”. Ele enfatizou a importância de uma alta velocidade de impacto para o desenho de Kinzhal, e ainda afirmou que o o míssil foi projetado para “manobrar durante o vôo e contornar zonas perigosas contendo sistemas de defesa antiaéreos ou antimísseis (…)”.

Várias figuras-chaves militares dos Estados Unidos observaram após a revelação russa dos seus novos mísseis hipersônicos, que os Estados Unidos atualmente não possuem capacidade de interceptar ataques em tão alta velocidade, estando o Comandante Estratégico, John Hyten, afirmado  durante uma reunião do Comitê de Serviços das Armas do Senado que os sistemas de defesa aérea dos EUA permanecem totalmente incapazes de impedir ataques por plataformas hipersônicas. De fato, de acordo com vários relatos de fontes norte-americanas, algumas das mais avançadas plataformas militares de defesa aérea lutaram e falharam recentemente em Interceptar até mesmo os ataques de mísseis subsônicos como o Scud B, um projeto primitivo que data de mais de 50 anos. Isso tem sérias implicações não apenas para o continente americano diante dos novos ICBMs russos, mas também para a Marinha dos EUA, que poderia ver seus destróieres e transportadores (Porta-Aviões) afundados pelas novas plataformas de ataque Kinzhal de maneira extrema em caso de conflito.

Embora a Rússia tenha pouca necessidade de mísseis anti-navios de longo alcance em suas fronteiras ocidentais, onde as distâncias marítimas estão relativamente confinadas (por imperativo geográfico), a implantação do Kinzhal no Extremo Oriente do país teria implicações significativas para o equilíbrio de poder no Pacífico. Com o interceptor MiG-31 mantendo um raio de combate de 1.500 km, a Força Aérea Russa seria capaz de atingir navios de guerra dos EUA a até 3.500 km de distância de suas costas. Deveriam combater com aeronaves desdobradas, próximas de Vladivostok, no extremo oriente da Rússia, a sua área de ataque cobriria todo o Mar da China Oriental e grande parte do Mar da China Meridional, até as Filipinas e incluindo toda a região marítima contestada reivindicada pela China e sujeita à liberdade dos EUA com as suas patrulhas de navegação. As implicações são realmente severas e poderiam muito bem fortalecer seriamente a posição de Moscou no Pacífico. Se a Rússia visar negar aos recursos navais dos Estados Unidos e dos seus aliados, negando o acesso aos mares do sul e do leste da China, seja para ajudar Pequim, ou por suas próprias razões, teria uma arma à sua disposição mais capaz de fazê-lo do que aquelas que possuem, atualmente, as mãos chinesas. Moscou poderia alavancar esse ativo para ganhar influência considerável no Pacífico, o que pode mais do que compensar a relativa escassez dos seus recursos militares na região.

O Kinzhal ainda pode usurpar o título de “matador de Porta-Aviões” do Pacífico e facilitar o objetivo russo/chinês de reduzir a influência e a presença militar do bloco ocidental no Pacífico, deixando a frota de superfície dos EUA efetivamente indefesa – minando o incontestado domínio naval dos EUA, que tem sido o alicerce da ordem regional desde 1945.Quanto a Moscou é altamente provável que venha alavancar este formidável ativo para a sua vantagem no futuro.

Abraham Ait é um analista militar especializado em segurança na Ásia-Pacífico e no papel do poder aéreo na guerra moderna. Ele é editor-chefe da  Military Watch Magazine ..

A integridade desapareceu do ocidente

Por:  Paul Craig Roberts

Entre os líderes políticos ocidentais não há nem um pouco de integridade ou moralidade. A mídia impressa e televisiva ocidental é desonesta e corrupta além do reparo. No entanto, o governo russo persiste em sua fantasia de “trabalhar com parceiros ocidentais da Rússia”. A única maneira pela qual a Rússia pode trabalhar com vigaristas é se tornar um bandido. É isso que o governo russo quer?

Finian Cunningham observa o absurdo no tumulto político e midiático sobre Trump (tardiamente) telefonando a Putin para parabenizá-lo por sua reeleição com 77% dos votos, uma demonstração de aprovação pública que nenhum líder político ocidental conseguiria alcançar. O enlouquecido senador pelo Arizona (McCain) chamou a pessoa com o maior voto majoritário do nosso tempo de “um ditador”. No entanto, o autocrata da Arábia Saudita é festejado na Casa Branca e bajulado pelo presidente dos Estados Unidos.

Os políticos e assessores de imprensa do Ocidente estão moralmente indignados com um suposto envenenamento, sem o apoio de qualquer evidência, de um ex-espião sem importância por ordem do próprio presidente da Rússia. Esses insultos insanos lançados contra o líder da nação militar mais poderosa do mundo – e a Rússia é uma nação, ao contrário dos países ocidentais heterogêneos – aumentam as chances do Armagedom nuclear além dos riscos durante a Guerra Fria do século XX. Os tolos insanos que fazem essas acusações sem base mostram total desrespeito por toda a vida na Terra. No entanto, eles se consideram o sal da terra, como pessoas “excepcionais e indispensáveis”.

Pense no suposto envenenamento de Skripal pela Rússia. O que isso pode ser diferente de um esforço orquestrado para demonizar o presidente da Rússia? Como pode o Ocidente ficar tão indignado com a morte de um ex-agente duplo, isto é, uma pessoa enganosa, e completamente indiferente aos milhões de povos destruídos pelo Ocidente somente no século 21? Onde está o ultraje entre os povos ocidentais sobre as mortes massivas pelas quais o Ocidente, atuando através de seu agente saudita, é responsável no Iêmen? Onde está o ultraje ocidental entre os povos ocidentais sobre as mortes na Síria? As mortes na Líbia, na Somália, no Paquistão, na Ucrânia, no Afeganistão? Onde está a indignação no Ocidente em relação à constante interferência ocidental nos assuntos internos de outros países? Quantas vezes Washington derrubou um governo democraticamente eleito em Honduras e reinstalou um fantoche de Washington?

A corrupção no Ocidente se estende além dos políticos, dos assessores de imprensa e de um público despreocupado para os especialistas. Quando a ridícula Condoleeza Rice, assessora de segurança nacional do presidente George W. Bush, falou das armas de destruição em massa inexistentes de Saddam Hussein, que enviavam uma nuvem nuclear sobre uma cidade americana, os especialistas não riram dela na tribuna. A chance de qualquer evento desse tipo era precisamente zero e todo especialista sabia disso, mas os especialistas corruptos seguraram suas línguas. Se eles falassem a verdade, eles sabiam que não apareceriam à TV, não receberiam subvenção do governo, estariam fora da disputa para uma nomeação governamental. Então eles aceitaram a mentira absurda projetada para justificar uma invasão americana que destruiu um país.

Este é o Ocidente. Não há nada além de mentiras e indiferença às mortes de outros. A única indignação é orquestrada e dirigida contra seus alvos: o Taleban, Saddam Hussein, Gaddafi, Irã, Assad, Rússia e Putin, e contra os líderes reformistas na América Latina. Os alvos da indignação ocidental são sempre aqueles que agem independentemente de Washington ou que não são mais úteis para os propósitos de Washington.

A qualidade das pessoas nos governos ocidentais entrou em colapso e atingiu o fundo do poço. Os britânicos na verdade têm uma pessoa, Boris Johnson, como secretário do Exterior, que é tão depreciativo que um ex-embaixador britânico não tem escrúpulos em chamá-lo de mentiroso categórico. O laboratório britânico Porton Down, ao contrário da alegação de Johnson, não identificou o agente associado ao ataque à Skripal como um agente “novichok” russo. Note também que se o laboratório britânico fosse capaz de identificar um agente “novichok”, ele também teria a capacidade de produzi-lo, uma capacidade que muitos países têm, já que as fórmulas foram publicadas anos atrás em um livro.

Que o envenenamento por “novichok” de Skripal é uma orquestração é óbvio. No minuto em que o evento ocorreu, a história estava pronta. Sem evidência, o governo britânico e a mídia da imprensa estavam gritando “os russos fizeram isso”. Não contentes com isso, Boris Johnson gritou “Putin fez isso”. Para institucionalizar o medo e o ódio da Rússia à consciência britânica, na escola britânica as crianças estão aprendendo que Putin é como Hitler.

Orquestrações tão flagrantes demonstram que os governos ocidentais não respeitam a inteligência de seus povos. Que os governos ocidentais se safam dessas mentiras fantásticas indica que os governos são imunes à responsabilidade. Mesmo que a prestação de contas fosse possível, não há sinal de que os povos ocidentais sejam capazes de responsabilizar seus governos. Enquanto Washington leva o mundo à guerra nuclear, onde estão os protestos? O único protesto é a lavagem cerebral em crianças em idade escolar protestando contra a Associação Nacional de Rifles e a Segunda Emenda.

A democracia ocidental é uma farsa. Considere a Catalunha. O povo votou pela independência e foi denunciado por fazê-lo por políticos europeus. O governo espanhol invadiu a Catalunha alegando que o referendo popular, no qual as pessoas expressavam sua opinião sobre o próprio futuro, era ilegal. Líderes catalães estão na prisão aguardando julgamento, exceto por Carles Puigdemont, que escapou para a Bélgica. Agora, a Alemanha o capturou quando retornou da Finlândia para a Bélgica, onde lecionou na Universidade de Helsinque e o mantém preso por um governo espanhol que se parece mais com Francisco Franco do que com a democracia. A própria União Europeia é uma conspiração contra a democracia.

O sucesso da propaganda ocidental em criar virtudes inexistentes é o maior sucesso de relações públicas da história.

 

Fonte: Institute For Political Economy

Navios da Marinha do Brasil iniciam retorno


Por: César A. Ferreira

Após darem apoio às buscas ao ARA San Juan, atendendo ao chamado da Armada Argentina de apoio SAR, dois dos navios da Marinha do Brasil, a fragata F-49 “Rademaker” (Type 22) e o navio polar de pesquisas oceanográficas H-41 “Almirante Maximiano”, retornam as suas missões anteriores, caso do H-41 “Almirante Maximiano”, que segue para o continente antártico, e ao Brasil, destino da fragata F-49 “Rademaker”. Permanece em Mar del Plata, todavia, aguardando as ordens do comando da Armada da República Argentina o vaso vocacionado para resgate da Marinha do Brasil, o K-11 “Felinto Perry”.

As facilidades apresentadas pelo K-11 “Felinto Perry” para resgate de tripulantes de submarinos sinistrados são: baleeira com câmera hiperbárica, sino atmosférico com capacidade de realização de resgates até em profundidades superiores a 300 metros, câmaras de descompressão, veículo remotamente tripulado capaz de operar até a profundidade de 600 metros, sistema de posicionamento dinâmico e um guindaste com capacidade de 30 toneladas.

Delimitação da nova área de busca

A Organização do Tratado de Proibição Completa dos Ensaios Nucleares, cuja sigla em inglês é CTBTO, anunciou o refinamento dos dados por ela obtidos, sobra o evento análogo a uma explosão não nuclear, a partir de dados coletados por duas estações sísmicas, a TRQA – Tornquist, Argentina e a USGS e EFI de Mount Kent, nas ilhas Falklands (Malvinas na denominação argentina). Os novos dados apontam para a latitude de -46,1175 e longitude de -59,7257. Uma das dificuldades enfrentadas pelas embarcações de busca, além do estado de mar, são os numerosos sinais de falsos positivos, pois não são poucos os pesqueiros sinistrados na costa argentina. O Atlântico Sul é reconhecidamente um mar difícil e cobra um preço alto de embarcações mal comandadas e em péssimo estado.

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Delimitação da área do evento catastrófico. Imagem: Lassina Zerbo.

Conjecturas

Dentre as possibilidades discutidas como contribuintes para o naufrágio do submarino ARA San Juan, aquela que conta como a mais provável é a de presença de concentração do gás hidrogênio no ambiente acima da proporção de 2%. Aventa-se a possibilidade de que em função das dificuldades enfrentadas pelo submarino esteja, também, uma falha dos monitores de gases do submarino. .Em decorrência desta concentração a ocorrência de um arco-voltaico teria provocado um incêndio de considerável proporção, sendo assim um fator debilitante, se não for o preponderante para o naufrágio da embarcação que implodiu na medida que mergulhava nas profundidades abissais. A conjectura se dá em conformidade com o comunicado anterior ao desastre, este revelador do fato da embarcação navegar avariada. Tal hipótese foi amplamente abordada neste espaço, Debate Geopolítico, com paralelos traçados com outros naufrágios e acidentes ocorridos com submarinos diesel-elétricos.

Fraude

Imagens de um novo documento da Armada Argentina circularam em meio às redes sociais. Não há confirmação alguma até o momento sobre a veracidade deste documento, que pode muito bem ter sido forjado (maior possibilidade), obra de uma mente insana. O discutível documento, classificado como “Confidencial” e destinado ao Comando da Armada Argentina,  informa que o navio “Sophie Siem” haveria encontrado a “unidade”, ou seja lá o que quer dizer. O informe possui a hora de distribuição como de 12:19 minutos e a data de 28.11.2017… Não creio que este informe seja verdadeiro, afinal, tal documento com timbre da ARA é bem fácil de ser forjado, ademais, o fato de justamente citar o “Sophie Siem” leva imensa desconfiança quanto a credibilidade do referido documento.

Treinamento conjunto recusado

Em um documento datado de 25 de julho de 2017, o Poder Executivo da República Argentina solicitava ao Senado Federal daquele país autorização para execução de exercício conjunto SAR, especificamente de resgate de tripulantes de submarinos sinistrados, que seria realizado em Mar del Plata, com submarinos da Armada Argentina, e no Rio de Janeiro (submarinos da Marinha Brasileira). A Marinha do Brasil disponibilizaria o seu meio de resgate K-11 “Felinto Perry”. Este importante exercício de adestramento foi recusado pelos congressistas argentinos.

Nota do Editor: também retornaram ao Brasil as aeronaves da FAB. Duas aeronaves P-3AM e uma aeronave SC-105 (SAR).

Almirantado argentino sabia das avarias com um dia de antecedência


Informativo argentino Infobae revela em reportagem que o Almirantado da Armada da República da Argentina detinha a informação de graves avarias um dia antes da data do último contato.

Por: César A. Ferreira

O informativo argentino Infobae, através de matéria assinada por Román Lejtman, revela que o comando da Armada Argentina detinha 24 horas antes do último contato a informação que o S-42 teria avarias sérias em um dos seus bancos de baterias, motivado pela ingestão de água do mar pelo snorkel. Apesar do último contato do submarino ter sido na quarta-feira, 14/11/2017, as 07:30, horário de Buenos Aires, informando que um dos bancos de baterias localizado na proa da embarcação se encontrava-avariado, o fato é que segundo o que foi revelado pela matéria, houve um comunicado do capitão, ocorrido na terça-feira, em que relatava a perda de um dos bancos de baterias devido ao contato destas com inundação marinha proveniente da ingestão desta pelo snorkel, que apresentou falha no seu sistema de vedação. Portanto, quando o capitão informa ao Almirantado os seus problemas na quarta-feira ele está relatando novos problemas, que possivelmente poderiam ser extensões daqueles vivenciados 24 horas antes. O periodista relata da seguinte maneira a cadeia de eventos:

“La primera vez que las autoridades en tierra de la Armada Argentina tomaron conocimiento de que el submarino sufría una seria avería fue el martes 14 cerca de la medianoche. En esa comunicación, el capitán del ARA San Juan, Pedro Fernández, le informó a la base de Mar del Plata -desde donde había partido quince días antes- que tenía un “cortocircuito en la batería 3” de la sala de baterías de proa porque le entraba agua por el snorkel.

En los primeros minutos del miércoles 15, el capitán avisó a la base que el inconveniente había sido solucionado. Sin embargo, horas más tarde, volvió a llamar para decir que tenía un problema con las baterías en la proa. Nuevamente, en la madrugada volvió a informar que el inconveniente había sido resuelto.

Cerca de las 6 de la mañana, mediante el teléfono satelital Iridium, el ARA San Juan pidió un cambio de rumbo. A las 7.30 fue la última comunicación de la nave con tierra”.

Em sua reportagem o periodista, em vista dos dados coletados, acaba por assumir uma conclusão, que se adotada daria um destino diferente ao ARA San Juan:

“En el momento en el que el ARA San Juan denunció dificultades se encontraba a una distancia en línea recta con el Golfo San Jorge de menos de 300 kilómetros. Si se le hubiese ordenado que se dirigiera hacia allí, a la velocidad que navegaba a ese momento -entre 15 y 20 kilómetros por hora-, se cree que la nave podría haber alcanzado tierra. Sin embargo, recibió la orden de dirigirse a Mar del Plata”.

Tendo os fatos narrados em mente, vamos ao raciocínio: as avarias sucederam-se, não imediatamente, mas em uma sequencia com intervalo de tempo, o que pode ter levado o capitão a acreditar que as estava superando, tendo-as sobre controle. O fato revelado e de suma importância é a admissão de água pelo snorkel, pois esta é sabidamente uma falha que implica em ocorrências graves em submarinos diesel-elétricos. Em geral, a presença de água junto ao banco de baterias leva a formação de gás de cloro, contaminante reconhecidamente fatal, responsável pela morte de 70 tripulantes do submarino Nº 361 da Marinha do Exército Popular de Libertação da China (é a versão mais aceita, outra admite o sequestro por parte dos motores diesel de todo o ar presente, o que levou a tripulação a sufocar-se)..

Analisando as informações temos o fato que por duas vezes o capitão informou dano nos seus bancos de baterias e igualmente, por outras duas vezes, informou a solução destas avarias, todavia, não obtendo desempenho total, visto que navegava com 50%, ou menos da capacidade advinda das suas baterias. Por certo havia isolado os painéis de baterias que tinha apresentado problemas. O dado interessante é a última comunicação, que não se deu por rádio frequência, mas através de telefone via satélite, cujo serviço é provido pela empresa Iridium. Neste contato, segundo informa o periodista, o comandante pedia uma alteração da derrota prevista, que era para Mar del Plata.

A última comunicação é importantíssima, pois caso seja uma informação verídica, torna -se um elemento elucidativo para que se entenda o quadro contextual da tragédia do S-42 ARA San Juan, pois se percebe o motivo pelo qual se pode entender o porquê de não se ter traçado uma derrota para Comodoro Rivadávia, ou qualquer outro porto mais próximo: simplesmente recebera o comandante uma ordem para ter Mar del Plata como destino. É óbvio que o comandante detinha confiança em sua embarcação, e mesmo com 480 baterias fora de linha, acreditava que poderia navegar até a base de Mar del Plata, lugar onde as facilidades para a manutenção dos submarinos da Flota de Mar se fazem presentes.

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S-42 ARA San Juan. Imagem: internet.

Com o conforto de um observador que analisa os eventos passados, ou seja, que não se vê obrigado a tomar decisões em meio à cadeia de eventos se pode criticar a decisão de o comandante não ter traçado derrota para o Golfo de São Jorge e solicitado a presença de vasos da Armada para formarem piquetes de socorro para o submarino, todavia, é preciso entender as condições de mar, que certamente haviam sido preponderantes na falha do snorkel ao admitir a entrada de água, eram restritivas. Uma condição de mar (Estado de Mar – 6) que, então, apresentava ondas acima dos seis metros, certamente inviabilizaria qualquer faina, ou seja, procedimento marinheiro, em atar cabos para tração (reboque), já que as vagas imensas varreriam a coberta do submarino levando consigo os submarinistas. Daí, que atendendo a sua consciência o Capitán de Fragata Pedro Martín Fernández resolveu prosseguir submerso.

Dá-se que o motor da história humana são as decisões. Algumas delas são infelizes. Não há motivos, no entender deste redator, em se empreender uma cruzada pela busca de culpados, mesmo que se confirme uma ordem clara e objetiva do Almirantado pela manutenção da derrota para Mar del Plata, pelo motivo simples que o capitão detinha autonomia suficiente para decidir-se por outro destino. Ao se decidir por prosseguir em direção à sua base, demonstrou inequivocamente que detinha confiança bastante na sua embarcação, tripulação e em si mesmo para tanto. Todo comandante é escravo das suas ponderações e avaliações e com o comandante Pedro Martin Fernández não foi diferente.

Chicoutimi

A admissão de água pelo snorkel  traça um paralelo possível com um acidente havido com o submarino Chicoutimi, da Royal Canadian Navy. Este evento não terminou em naufrágio, como o caso dos submarinos franceses da classe Daphne, mas, justamente por isso, por ter sobrevivido, existe a riqueza de detalhes, que por sua vez esclarece pontos obscuros para este tipo de acidente.

O Chicoutimi era (ainda é) um submarino diesel-elétrico produzido pela Vickers, com o intuito de ser o cabeça de uma classe destinada a substituir a afamada classe Oberon de submarinos diesel-elétricos da Marinha de Sua Majestade. Esta classe batizada de Upholder, ou Type 2400, devido ao seu deslocamento, não obteve o sucesso esperado colhendo em sua história muitos acidentes, entre eles o do Chicoutimi.

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Chicoutimi: parte de uma classe de submarinos de muito má fama. Imagem: internet.

Tendo zarpado de Faislane no dia 4 de outubro em direção ao Canadá, que havia adquirido da Inglaterra os quatro exemplares da malfadada classe, viu-se obrigado a navegar à superfície marinha, devido as restrições impostas pelo Almirantado Britânico, pelo fato de partir de uma base britânica de submarinos nucleares da OTAN. No dia 5, segundo dia de viagem, enfrentou severas condições de mar com vagas superiores a 8 metros, havendo admissão de grande volume de água na torre. A escotilha impedia a entrada de água, todavia o dreno apresentou falha, não escoando a água presente. Este problema foi percebido quando da abertura da escotilha inferior e logicamente formou-se uma equipe de reparos. Esta equipe, necessitando de uma ferramenta em especial estava a recebê-la através da escotilha quando uma imensa vaga atingiu e cobriu a vela do submarino fazendo-o admitir mais de 500 galões de água do mar. De imediato irromperam curtos-circuitos, arcos elétricos e incêndios. Nove submarinistas ficaram feridos, três seriamente e um veio a falecer em decorrência destes ferimentos. Desprovido de energia, em função da necessidade de combate ao incêndio, o Chicoutimi ficou a deriva até ser encontrado e socorrido pelo patrulheiro irlandês Le Rousin e pela fragata HMS Montrose.

É tentador, portanto, traçar a mesma cadeia de acontecimentos para o S-42 ARA San Juan, onde a admissão de água pelo snorkel, devido as condições de mar, seguido pela formação de arcos voltaicos e incêndios formam o quadro do possível sinistro. Sendo que neste caso o temos de forma sequencial, ou seja, repetitivo, ocorrendo sucessivamente nos dias 14 e 15, onde cada evento debilitou decisivamente o submarino e cuja última ocorrência foi-lhe fatal. Tentador é, mas sei bem que não passa de mais uma especulação. E as especulações não ajudam. Apenas causam maior dor e sofrimento nos familiares que ficam a formar quadros em suas mentes sobre os últimos momentos dos seus entes queridos. O correto é esperar pelas imagens do submarino, quando este for encontrado, observar as suas condições para então se ter o mínimo embasamento. As tragédias havidas com o Minerve, Eurydice e com o N° 361 servem apenas de parâmetros, não produzem certezas, para estas, só o tempo.

Nota do Editor: acabo de ser informado por uma fonte, que a Armada da República Argentina admitiu a pouco (27/11/2017) que houve a ocorrência de três eventos de suma importância, são estes: a entrada de água, o curto-circuito e o princípio de incêndio a bordo. Ao que parece o paralelo com os eventos enfrentados pelo submarino canadense Chicoutimi se reforça. Entende-se o motivo da Armada Argentina acreditar firmemente que poderia encontrar o S-42 ARA San Juan à superfície, inerte, a deriva, tal como se sucedeu com o Chicoutimi. 

ARA San Juan: evento catastrófico


Por: César A. Ferreira

As últimas informações disponibilizadas levam a crer que o submarino S-42 ARA San Juan, sofreu um evento catastrófico, enquanto realizava derrota prevista para Mar del Plata, evento este acontecido às 10h51min da quarta-feira última, horário local (Buenos Aires) 15 de novembro de 2017. O local apontado para este evento registrado por hidrofones distribuídos pelo atlântico sul, corresponde as coordenadas de -46.12 (latitude) e -59.69 (longitude). Estas coordenadas resultam em cerca de 30 milhas náuticas distantes do ultimo contato do submarino, que se deu às 07h30min do horário local (Buenos Aires) e coincide com o ponto estimado de onde deveria estar o submarino de acordo com as informações passadas pelo comandante (Capitán de Fragata Pedro Martín Fernández), de que navegava à 5 nós com avarias em suas baterias (7 nós, contando com 2 nós de corrente marinha ascendente). A informação foi oficialmente disponibilizada pelo CTBTO – Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty Organization (ing.)  Esta informação foi disponibilizada, inclusive, pelo próprio Secretário Executivo da Organização, Sr. Lassina Zerbo, que afirmou textualmente em comunicado pessoal (Twiter):

 “Our hydroacoustic network detected an unusual signal near the last known position of #missing San Juan #submarine. The signal from an underwater impulsive event was detected 15 Nov 13:51 GMT, Lat -46.12 deg; Long: -59.69 deg. Details & data shared with Argentinian authorities”.

A comunicação pessoal do Secretário Executivo foi confirmada pelo comunicado oficial do órgão disponibilizado para a mídia:

“MEDIA ADVISORY – CTBTO HYDROACOUSTIC DATA TO AID IN SEARCH FOR MISSING SUB SAN JUAN

23 November 2017

On 15 November 2017 two CTBTO hydroacoustic stations detected an unusual signal in the vicinity of the last known position of missing Argentine submarine ARA San Juan.

Hydroacoustic stations HA10 (Ascension Island) and HA04 (Crozet) detected a signal from an underwater impulsive event that occurred at 13:51 GMT on 15 November. The location of the event is as follows: Event Latitude: -46.12 deg; Event Longitude: -59.69 deg which is in the vicinity of the last known location of the ARA San Juan.

Details and data are being made available to the Argentinian Authorities to support the search operations that are underway.

The hydroacoustic stations are part of the CTBTO’s International Monitoring System (IMS) which monitors the globe continuously for signs of nuclear explosions. Low frequency underwater sound, which can be produced by a nuclear test, propagates very efficiently through water. Consequently these underwater sounds can be detected at great distances, even thousands of kilometres, from their source. This is why the IMS requires only eleven hydroacoustic stations to effectively monitor the world’s oceans. HA04 at Crozet Island (France) was certified in June 2017 as the final of these eleven stations.”(…)

O evento comunicado  foi endossado pelo comando da Armada Argentina quem em uma coletiva de imprensa, na pessoa do porta-voz da Armada, oficial Enrique Balbi, realizada nesta manhã, expressou-se de maneira direta aos correspondentes presentes:

“(…) hubo um evento anómalo, singular, corto, violento y no nuclear, consistente com uma explosíon (…)  No conoecemos la causa que produjo em esse lugar, em esa fecha, um evento de essas características”.

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Localização e profundidade relativa do ultimo contato e do local da Anomalia hidroacústica. Infográfico> La Nacion.

A hipótese comentada como a mais tangível dentre todas as especulações, formada a partir das informações das avarias comunicadas pelo capitão, indicam a formação de um arco voltaico advindo do curto-circuito presente no painel de baterias. A formação de um arco elétrico em um ambiente fechado poderia resultar em graves danos e casualidades imediatas, principalmente se houver concentração de hidrogênio advindo das baterias. É evidente, todavia, que apenas uma vistoria pericial no casco sinistrado do S-42 ARA San Juan poderá colocar a termo as reais causas do acidente.

Este presente contexto leva a crer pela infelicidade total da tripulação do S-42 ARA San Juan, vitimada por um naufrágio provocado por catastrófico evento, uma explosão devastadora. O projeto do TR-1700 consiste de duas secções estanques, dianteira e traseira, todavia, tomando que a referida explosão tenha se dado em uma destas, o tempo já decorrido de 8 dias, não é alentador para a possibilidade de qualquer um dos submarinistas que por ventura tenham sobrevivido ao evento. Neste caso, contanto com o realismo, ainda que taxado de pessimismo, por razões compreensíveis, pode-se tratar a presente operação de resgate em andamento como uma operação de recuperação, ou seja, contando-se que cada um dos submarinistas seja agora uma casualidade. Neste dado momento três belonaves da Armada Argentina executam na área designada varredura com sonares no módulo ativo, e um P-3AM da FAB – Força Aérea Brasileira foi convocado para auxílio, pois dispõe do sensor MAD, inexistente nos P-8A da USNAVY.

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Navio de pesquisas oceanográficas Yantar. Imagem: Shipspotting.

Yantar. O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, ordenou que o navio oceanográfico Yantar, que se encontra na costa africana em missão, se dirija imediatamente para a costa argentina, com o intuito de integrar-se ao esforço de localização do ARA San Juan. Ainda que as possibilidades de resgate sejam irrisórias, o Yantar conta com sensores de varredura lateral, capazes de localizar objetos até a profundidade de 6.000 metros.

Nota do Editor: dado o atual momento, não se entende o motivo da Marinha do Brasil e do Ministério da Defesa de não terem enviado junto com o Navio de Socorro Submarino K-11 “Felinto Perry”, o Navio de Pesquisa Hidroceanográfico H-39 “Vital de Oliveira”, que dispõe de um sonar de varredura lateral operativo até a profundidade de 4.000 metros..

Nota do Editor (2): este editor foi informado há pouco, que o Navio de Pesquisa Hidroceanográfico H-39 “Vital de Oliveira” se encontrava em missão nas águas dos rochedos oceânicos de São Pedro e São Paulo. Este é um motivo suficiente para o não envio deste navio às águas argentinas. Por uma razão de honestidade editorial não foi alterada a primeira nota, mas publicada esta segunda.

ARA San Juan segue desaparecido

Brasil, Chile, EUA e Grã Bretanha oferecem ajuda para localização e resgate do ARA San Juan

Por: César A. Ferreira

Brasília, 17:36. 17.11.2017

Prosseguem as buscas ao submarino S-42 ARA San Juan, desaparecido quando navegava pelo Golfo de San Jorge, distante 240 milhas náuticas da costa portenha (cerca de 432 km). O estado do mar, tempestuoso, não facilita a busca visual. Estas estão a cargo de uma aeronave S-2T “Turbo Tracker” da Armada Argentina, provindo da Base Comandante Espora e de outra aeronave modelo King Air B200, adaptada para a função de esclarecimento marítimo, baseada em Punto Índio, além das belonaves D-13 ARA Sarandi, P-42 ARA Rosales e P-31 ARA Drummond . As duas primeiras belonaves fazem parte da Flota de Mar, e a terceira da División Patrullado Marítimo.

Solidárias ao drama argentino, as forças navais dos EUA, Chile, Brasil e Grã-Bretanha ofereceram ajuda para localização e resgate dos tripulantes do S-42 ARA San Juan. O oferecimento da ajuda brasileira deu-se a pouco, na forma de comunicado do Sr. Ministro da Defesa Raul Jungmann às 15:28 (17.11.2017). O Brasil dispõe do Navio de Salvamento de Submarinos K-11 Felinto Perry, cuja capacidade nominal de resgate si situa até a profundidade de 300 metros. O navio possui facilidades como Sino Atmosférico de Resgate (300 m), câmera hiperbárica para oito mergulhadores, guindaste com capacidade para 30 toneladas, veículos de operação remota com câmera de vídeo e de sonar, bem como sistema de posicionamento dinâmico Kongsberg AOP 503 Mk.II. Os meios da FAB também foram disponibilizados, caso dos esclarecedores marítimos P-3AM.

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O Navio de Socorro de Submarinos K-11 Felinto Perry é o meio de salvamento da Marinha do Brasil para submarinos sinistrados. Imagem: internet.

O porta-voz da Armada Argentina, Enrique Balbi, declarou que o que se tem até o momento é a incapacidade de comunicação com o submarino, mas que isto não representa necessariamente em um naufrágio. Enfatizou que se realizam buscas por radar e visual, complementando: “(…) que pode estar navegando na superfície (…) tendo um problema de comunicação teve que vir a superfície. Não é que está imerso e não pode vir à superfície”. Declarou o oficial.

Independente dos esforços do referido porta-voz, as críticas aos procedimentos de resgate Armada Argentina se fazem sentir, dado a demora de 48 horas para se constatar e informar aos meios de comunicação platinos sobre a perda de contato com o submarino, bem como as ações para encontrá-lo e resgatá-lo. O submarino ARA San Juan normalmente conta com 37 tripulantes, mas desta vez realizava patrulha com 44 submarinistas, estando entre eles a primeira submarinista mulher da Armada, a oficial Eliana Maria Krawczyk, o que aumenta desnecessariamente a pressão midiática sobre o ocorrido

Armada Argentina efetua buscas ao ARA San Juan

Por: César A. Ferreira

Brasília, 03:24 – 17.11.2017

O submarino da Armada Argentina ARA San Juan perdeu contato às 00:30 horas (horário padrão – Greenwich) do dia 15.11.2017, quando navegava submerso no través de Puerto Madryn, desencadeando uma operação de busca por parte desta Armada. A última posição conhecida do submarino foi 46º 44’ de latitude sul e 59º e 54’ oeste. A belonave executava missão de patrulha na ZEE (Zona Econômica Exclusiva) da República Argentina.

Este acidente provoca neste presente momento sentimento de comoção extrema em Puerto Belgrano, já na Base Naval de Puerto Belgrano a situação é tensa e de grande preocupação. O sentimento dos populares agrava-se por não haver até a presente data um comunicado oficial sobre o sinistro e as operações realizadas visando o resgate do referido submarino.

O site M1 cita declaração ao veículo C5N, do especialista naval Fernando Morales: “(…) aparentemente não há vítimas (…) é uma informação a ser confirmada”. Informa o especialista que o ARA San Juan não estaria mais desaparecido, mas localizado, “(…) aparentemente, houve um problema com as baterias, um submarino não pode ser propulsionado com um motor diesel quando está submerso. Se houve um incêndio nas baterias, ficou sem comunicação e propulsão”, afirmou o especialista.

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Localização do sinistro do ARA San Juan. Bing Maps.

A partir da perda de contato zarparam com urgência para a área estimada do sinistro do ARA San Juan duas corvetas da Armada Argentina, bem como decolou uma aeronave de esclarecimento marítimo. Neste presente momento um rebocador de alto-mar juntou-se as buscas. Não se tem certeza alguma do estado geral do submarino, se o mesmo realizou uma emersão de emergência estando à deriva na superfície, ou se ainda submerso.

O ARA San Juan é um submarino da classe TR-1700, projetado e construído pela empresa alemã Thyssen Nordseewerke e que sofreu uma atualização recente dos seus sistemas de propulsão em reparos de modernização de meia-vida nas instalações do CINAR. Este trabalho envolveu corte de casco, troca das baterias, troca dos quatro alternadores (4.000 ampéres) e dos  motores diesel MTU 16 cilindros em “V” (1.200 Kw). Os motores elétricos foram revisados, bem como os berços e amortecedores dos motores. Estes trabalhos foram realizados em 24 meses e finalizados em 2014, estando a belonave, segundo o Ministro da Defesa da época, Sr. Agustin Rossi, apto para mais 30 anos de serviço.

A tripulação do submarino ARA San Juan é composta por 37 submarinistas, sendo que deles  oito são oficiais. Até o presente momento não foi divulgada pelo almirantado argentino os nomes dos tripulantes do submarino sinistrado.

A realização desta nota contou com material dos sites M1, La Nácion e RT Espanhol.

Nota do Editor: uma das belonaves dedicadas às buscas é a ARA Sarandi, corveta classe MEKO 360 H2. A aeronave que efetua as buscas é o S-2T “Turbo Tracker” da força aeronaval da Armada Argentina. O Almirantado da República Argentina entrou em contato com os familiares dos tripulantes, mas não divulgou a lista dos mesmos para a imprensa, limitando-se a uma nota protocolar por meio de um oficial como porta-voz. A Armada da República Oriental do Uruguai enviou o navio de resgate ROU Maldonado (ROU 23), até o presente momento se desconhece o envio de qualquer meio de resgate da Marinha do Brasil, ou de esclarecimento da Força Aérea Brasileira.

É preciso ser dito que toda a esperança repousa na esperada emersão de emergência do submarino, pois, a lâmina de água na região exibe aproximadamente 350 metros de profundidade e caso esteja em repouso no leito matinho pouco poderá ser feito, apesar de um resgate nesta profundidade ser possível com sinos de mergulhos adequados. Todavia, caso a profundidade seja maior, nada além poderá ser feito pelos tripulantes do que lhes jogar coroas de flores.

Wheels and deals: fermenta a guerra na Casa de Saud

Por: Pepe Escobar (4.10.2017)

Fonte primária: Asia Times – Counterpunch; fonte em português: Blog do Alok.

Tradução: Coletivo de Tradutores da Vila Vudu.

De repente, a matriz ideológica de todas as variantes de jihadismo salafista passa a ser elogiada no Ocidente como modelo de progresso – porque mulheres sauditas afinal receberam permissão para dirigir carros. Mas só ano que vem. Mas só algumas mulheres. Mas só com muitas restrições.

O que é certo é que o momento para anunciar a novidade – que vem depois de anos de pressão de liberais norte-americanos – foi calculado com precisão, e aconteceu apenas poucos dias antes que o capo da Casa de Saud rei Salman apareceu para dois dedos de prosa na Casa Branca de Trump. O movimento de soft power foi coordenado pelo príncipe coroado, 32 anos, Muhammad bin Salman, codinome MBS, o Destróier do Iêmen; o rei só fez assinar.

A tática diversionista mascara graves problemas na corte. Uma fonte especialista em negócios do Golfo, com conhecimento íntimo da Casa de Saud e encontros pessoais frequentes com eles, disse a Asia Times que “as famílias Fahd, Nayef e Abdullah, descendentes do Rei Abdulaziz al Saud e sua esposa Hassa bin Ahmed al-Sudairi, estão formando uma aliança contra a ascensão ao trono do príncipe coroado.”

Não chega a surpreender, se se sabe que o deposto príncipe coroado Mohammed bin Nayef – muito considerado no Departamento de Estado dos EUA, especialmente em Langley [cidade onde está o quartel-general da CIA] – está em prisão domiciliar. Sua massiva rede de agentes no Ministério do Interior foi quase toda “dispensada de qualquer autoridade”. O novo ministro do Interior é Abdulaziz bin Saud bin Nayef, 34, filho mais velho do governador da Província Oriental marcadamente xiita, onde está todo o petróleo do reino. Curiosamente, o pai agora é subordinado do filho. MBS está cercado de príncipes sem qualquer experiência, todos com cerca de 30 anos, e afastando de si praticamente todos os demais.

O ex-rei Abdulaziz definiu a própria sucessão baseado na idade dos filhos; em teoria, se todos chegarem à mesma idade todos terão algum tempo de reinado, o que evitaria o banho de sangue historicamente habitual nos clãs árabes, em disputas pela sucessão.

Agora, diz a fonte, “já todos preveem que um banho de sangue é iminente”. Especialmente porque “a CIA está indignada por o compromisso negociado em abril de 2014 estar sendo descumprido, como se vê no fato de o maior fator antiterrorismo no Oriente Médio, Mohammed bin Nayef, estar preso.” Tudo isso pode levar a “ação vigorosa contra MBS, possivelmente no início de outubro.” E pode até coincidir com o encontro Salman-Trump.

O ISIS joga pelo livro (saudita)

A fonte de Asia Times especialista em negócios no Golfo destaca que “a economia saudita está sob estresse extremo, por efeito de sua guerra pelo preço do petróleo contra a Rússia, e estão tendo muita dificuldade para pagar os fornecedores. Essa situação pode levar à falência algumas das maiores empresas na Arábia Saudita. A Arábia Saudita de MBS vê o iate de US$600 milhões comprado pelo príncipe coroado, e o pai dele gastando US$100 milhões nas férias de verão, sempre nas primeiras páginas do New York Times, enquanto o reino sufoca sob aquela liderança.”

O projeto que é a menina-dos-olhos de MBS, o super propagandeado Vision 2030, visa, em teoria, a diversificar e afastar o reino da dependência dos lucros do petróleo e dos EUA, na direção de uma economia mais moderna (e política externa mais independente).

Na avaliação da mesma fonte, é tudo completamente sem sentido, porque “o problema na Arábia Saudita é que suas empresas não conseguem funcionar com a mão de obra local e dependem de expatriados, que constituem 70% ou mais dos empregados. A gigante do petróleo Aramco simplesmente não opera sem expatriados. Daí que vender 5% da Aramco para diversificar não resolve o problema. Se ele quer sociedade mais produtiva e menos empregos no próprio governo onde só se copia, terá primeiro de treinar e garantir emprego ao próprio povo.”

A também elogiadíssima venda pública de parte da Aramco, apresentada como a maior venda de ações de toda a história, originalmente agendada para o próximo ano, foi mais uma vez adiada – “possivelmente” para o segundo semestre de 2019, segundo funcionários em Riad. E ainda ninguém sabe onde serão vendidas as ações; a Bolsa de Nova York está longe de ser assunto decidido.

Paralelamente, a guerra de MBS contra o Iêmen e o ímpeto saudita a favor de mudança de regime na Síria e de reformatar o Oriente Médio Expandido, revelaram-se desastres espetaculares. Egito e Paquistão recusaram-se a enviar tropas ao Iêmen, onde o pervertido infindável bombardeio aéreo pelos sauditas – com armas dos EUA e Grã-Bretanha – acelerou a desnutrição, a fome e o cólera e configurou crise humanitária massiva.

O projeto do Estado Islâmico foi concebido como ferramenta ideal para levar o Iraque a implodir. Hoje já é de domínio público que o dinheiro para organizar a coisa partiu quase todo da Arábia Saudita. Até o ex-Imã de Meca admitiu publicamente que a liderança do ISIS “extraiu suas ideias do que está escrito em nossos livros, nossos próprios princípios.”

O que nos leva a maior e mais profunda contradição saudita. O jihadismo salafista está mais que vivo dentro do Reino, por mais que MBS tente fazer-se passar por líder liberal (fake) da linha “gatinha, deixo você dirigir o meu carro”. O problema é que Riad nunca, em tempo algum, cumprirá qualquer promessa que se aproxime de liberalização: a única legitimidade da Casa de Saud depende daqueles “livros” e “princípios” religiosos.

Na Síria, além da evidência de que a maioria absoluta da população do país não quer viver num Takfiristão, a Arábia Saudita apoiou o ISIS enquanto o Qatar apoiava al-Qaeda (Jabhat al-Nusra). E isso acabou num banho de sangue de fogo cruzado, com todos aqueles tais inexistentes “rebeldes moderados” apoiados pelos EUA reduzidos pilotos de carros antiquados.

E há também o bloqueio econômico contra o Qatar – mais um brilhante enredo cerebrado por MBS. Só serviu para melhorar as relações de Doha com ambos, Ankara e Teerã. O emir do Qatar Tamim bin Hamad Al Thani não foi derrubado, tenha Trump realmente persuadido Riad e Abu Dhabi a evitar qualquer “ação militar”, ou não. Nada de estrangulamento econômico: a Total francesa, por exemplo, está às vésperas de investir US$2 bilhões para expandir a produção de gás natural no Qatar. E o Qatar, via seu fundo soberano, contragolpeou com o mais espetaculoso dos movimentos de soft power – comprou a marca e craque de futebol Neymar, para o PSG, e o “bloqueio” soçobrou sem deixar traço.

“Roubam até a roupa do corpo do próprio povo”

Em In Enemy of the State, o mais recente thriller de Mitch Rapp escrito por Kyle Mills, o presidente Alexander, sentado na Casa Branca, esbraveja que “o Oriente Médio está implodindo porque aqueles filhos da puta sauditas só fazem inflar o fundamentalismo religioso, para encobrir o fato de que roubam até a roupa do corpo do próprio povo.” É uma avaliação equilibrada.

Não se admite absolutamente nenhuma discordância na Arábia Saudita. Até o analista econômico Isam Az-Zamil, muito próximo do poder, foi preso durante a atual campanha de repressão. A oposição a MBS portanto não vem só da família real ou de alguns clérigos – embora digam os boatos que só quem apoie o “terrorismo” da Fraternidade Muçulmana, da Turquia, do Irã e do Qatar estaria sendo perseguido e atacado.

Em termos de o que Washington deseja, a CIA não aprecia MBS, para dizer o mínimo. Querem o homem “deles”, Nayef, de volta ao poder. Quanto ao governo Trump, o que se ouve é que está “desesperado em busca de dinheiro saudita, especialmente para investimentos em infraestrutura no Cinturão da Ferrugem”.

Será muitíssimo iluminador comparar o que Trump obtém de Salman e o que Putin obtém do mesmo Salman: o rei doente visitará Moscou no final de outubro. Rosneft está interessada em comprar ações da Aramco quando afinal acontecer a venda pública. Riad e Moscou estão considerando uma extensão de negócios da OPEP, bem como uma plataforma de cooperação OPEP-não-OPEP que incorpore o Fórum de Países Exportadores de Gás [ing. Gas Exporting Countries Forum, GECF].

Riad leu as palavras escritas no novo muro: o capital político e estratégico de Moscou não para de crescer por todos os lados, de Irã Síria e Qatar até Turquia e Iêmen. Não é coisa que se dê bem com o estado profundo dos EUA. Mesmo se Trump conseguir alguns negócios para o Cinturão da Ferrugem, a questão candente é se CIA & Amigos conseguem viver com MBS no trono da Casa de Saud.

Nota dos tradutores: Orig. Wheels and Deals. É uma rede de venda de carros usados, que tem lojas em várias cidades por todo o país. A ironia parece ter a ver com a licença para mulheres dirigirem na Arábia Saudita. Não conseguirmos traduzir.