No Brasil a Sputnik V tornou-se motivo de delírio ideológico

Entre acusações emotivas, pressões reveladas e respostas evasivas a vacina russa segue sendo no Brasil uma miragem, enquanto na vizinha Argentina torna-se uma concreta realidade.
Por: César A. Ferreira

Em meio a pandemia descontrolada, que exibe mais de 2.800 mortes diárias, o Brasil foi assaltado por um vídeo em evidente tom emotivo, onde um empresário, Fernando de Castro Marques, apontado como “proprietário” da farmacêutica União Química, vitupera em vídeo endereçado a outro empresário, no caso o cabeça das lojas varejistas HAVAN, Luciano Hang, observações críticas bastante contundentes dirigidas à Agencia de Vigilância Sanitária, ANVISA, a qual acusa diretamente de sabotar os seus esforços de produção em solo brasileiro da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya. Os termos são bem duros, tais como: “(…) Eles querem manter a coisa com a Fiocruz e com o Butantã. Butantã na mão do Doria e Fiocruz na mão do PT, PCdoB. E, p…, não tem vacina, o povo tá morrendo”. Aqui o delírio toma forma…

Acontece que os dois interlocutores do afamado vídeo são ferrenhos partidários do atual presidente da República, Jair M. Bolsonaro, e a Anvisa, órgão criticado, possui como Diretor Presidente a pessoa de Antônio Barras Torres, Contra – Almirante, médico, indicado pelo atual presidente. Ou seja, como não se pode atacar a ideologia e os membros do governo que defende a necessidade psicológica impõe ao indivíduo o delírio alternativo: a culpa é do PT!

Nem tanto assim… Se há quem tenha tentado viabilizar a aplicação da vacina do Instituto Gamaleya no Brasil, são os governadores, que em estado de puro desespero, devido ao avanço da pandemia, não se importam com laudos da Anvisa e procuram contato com fornecedores externos de vacinas. De fato, no último dia 15, precisamente às 17:21, o Governo do Estado da Bahia publicou uma nota onde se explicitava a aquisição da vacina Sputnik V:

“O Governo da Bahia e o Fundo Soberano Russo celebraram o contrato para a compra de 9,7 milhões de doses da vacina Sputnik V. O ato ocorreu na tarde desta segunda-feira (15), por meio de reunião virtual, entre o governador Rui Costa, o CEO do Fundo Soberano, Kirill Allexandrovich Dmitriev, e o presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Wellington Dias. O primeiro lote com doses do imunizante chegará à Bahia no mês de abril”.

Pois… Dado que o governador da Bahia atende por Rui Costa e foi eleito e ainda se mantém como membro do PT, mesmo partido do governador do Piauí, Wellington Dias, por sua vez presidente de um consórcio de estados nordestinos que envolvem o estado do Maranhão, governado por Flávio Dino, eleito pelo PC do B, fica particularmente difícil acreditar na trama maléfica de realizar em conluio com a Anvisa um ataque a vacina russa. A realidade não bate, só se for num Universo Paralelo…

Mas, fica a pergunta, por acaso a Anvisa é santa nesta história? Nem um pouco. Pode-se dizer, pois as desconfianças são muitas… Elas começam pela indicação de um militar e de outros diretores para a referida Agência e continua pelas decisões proferidas pela mesma, tal como a liberação rápida de análises favoráveis ao uso de defensivos agrícolas organofosforados banidos da Europa Unida, por exemplo, ou mesmo do registro definitivo da única vacina para imunização contra a Covid-19 reconhecida no Brasil, produzida pela farmacêutica Pfizer, uma “Big Pharma” (a vacina Coronavac do Instituto Botantã/Sinovac e a vacina produzida pela FioCruz, concebida pela AstraZeneca/Oxford, possuem apenas o registro emergencial provisório). Mesmo tendo a associação entre o Instituto Butantã e a empresa farmacêutica Sinovac resultado em testes de Nível III realizados em São Paulo, cujos resultados foram amplamente franqueados tanto para a Anvisa, como aos outros membros da comunidade acadêmica, a atitude da Anvisa foi de um rigor burocrático sem par. E isto continua, apesar da vacinação com esta vacina já estar em curso no país.

A Anvisa tem se mostrado muito evasiva e pouco transparente. Costuma sempre arrotar que suas decisões são “técnicas”, sem que nada disso seja evidenciado afora o próprio arroto. A dubiedade é regra e não exceção, tal como visto em uma nota da própria Anvisa sobre uma reunião com representantes da empresa União Química, onde se registra que foram apresentadas “informações sobre qualidade, eficácia e segurança da vacina”, para depois dizer que “(…) o relatório oficial não foi enviado”… Como é? Então os dados sobre qualidade, eficácia e segurança do imunizante era uma história em quadrinhos, por acaso? A sequência histriônica segue com as desculpas burocráticas esperadas: “estão pendentes dados essenciais para a análise, que estão sendo discutidos entre as partes”. Que dados pendentes são estes? Que análise é esta que se impõe em plena pandemia? Dúvidas em relação a um imunizante aprovado em 51 países e sem notícias de reações adversas? Talvez, em virtude das reclamações emotivas, apesar de delirantes, do Sr. Fernando de Castro Marques, a Anvisa veio a soltar uma nota onde procura ser explicita, objetiva por assim dizer. Segundo o portal Poder 360 os pontos declinados pela Anvisa são os que seguem:

V – Avaliação de risco demonstrando que a relação benefício-risco é favorável.
VI – Informações sobre a qualidade e tecnologia farmacêutica.
VI – Informações sobre a qualidade e tecnologia farmacêutica para a substância ativa e produto terminado, incluindo:
• Descrição do processo de fabricação identificando parâmetros críticos de processo, atributos críticos de qualidade e testes dos controles em processo; e
• Descrição dos processos de esterilização e filtração estéril, bem como estudos de validação.
IX – Resultados da análise interina do Estudo Fase 3.
X – Relatório de ensaios bioanalíticos.
XII – Dados de segurança acumulados dos Estudos Fase 3.
XIII – Dados de eficácia e de segurança de análises de subgrupos.
XIV – Lista contendo todos os locais onde a vacina está sendo ou será fabricada, e as seguintes documentações relacionadas às Boas Práticas de Fabricação (BPF) do(s) local(is) de fabricação: a) Arquivo Mestre de Planta (AMP) ou Site Master File (SMP);
b) Relatório de inspeção emitido por autoridade participante do PIC/S;
c) Validação de processo; e
d) Gerenciamento de risco com relação à contaminação cruzada decorrente da inclusão do produto na linha.
XV – Informação sobre prazo de validade e cuidados de conservação.
XVII – Texto de bula e rotulagem.
XVIII – Plano de Gerenciamento de Riscos.

Pois… Apesar de entender a importância da descrição dos processos de esterilização e filtração, não deixa de elucidativo do apego burocrático do órgão as minúcias sanáveis, como forma de postergar o registro do produto, afinal, o fabricante não tem o texto de bula e de rótulo? Não dispõe de dados de validade e conservação?

Ora, ora… Nem tudo tem uma explicação simples. Uma revelação recente, presente numa publicação de um órgão oficial norte-americano, no caso do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, cuja sigla em inglês é HHS, em especial num boletim datado de 17 de janeiro de 2021, revela que foi realizada uma pressão direta para o governo brasileiro não encomendar, ou validar, o uso em território nacional da vacina russa Sputnik V. Isso explica muita coisa, como se pode perceber, o que torna a alegação de soberania no tocante as decisões da Anvisa uma piada, bastante tosca, diga-se.

É interessante notar que as reservas da Anvisa se referem nem tanto ao produto, mas ao parceiro da vacina russa em solo brasileiro, União Química. Ora se isto é assim por aqui, não o é na Argentina. Nas terras portenhas o anúncio da importação da vacina russa pelo governo foi alvo de críticas contundentes até… A publicação de prestígio “The Lancet”, após revisão de pares, publicar uma matéria onde se constatava que a vacina Sputnik V possui 91,6% de eficácia como fator protetivo, sendo este dado de 91,8% em idosos, bem como de 100% a proteção verificada contra formas moderadas e graves da Covid-19… Desta forma, após a humilhação autoimposta pelos formadores de opinião portenhos o governo argentino viu-se livre para contratar a produção da Sputinik V em solo argentino, tendo sido o Instituto Richmond o escolhido para tal empreitada. Esta informação não é exatamente nova, visto ser divulgada pela própria empresa em 26 de fevereiro de 2021, quando do firmamento do acordo na cidade de Moscou, por parte do representante do Laboratório Richmond e do Fundo de Investimento da Federação Russa, Sr. Tagir Sitdekov. Até o presente momento a Sputnik V imunizou 370.000 argentinos e sexta-feira última outros 330.000 imunizantes aportaram em Buenos Aires. Ao que parece a necessidade de imunização sepultou na Argentina os delírios ideológicos…

Enquanto isso uma ilha caribenha se destaca, com o seu ritmo natural, no desenvolvimento não só de uma vacina, mas de três: Cuba. Como já anunciado Cuba desenvolve uma vacina batizada como “Soberana 02” concebida pelo Finlay Vaccine Institue. Além desta outra vacina candidata se destaca, a “Abdala”, do CIGB – Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia, ambas entraram na Fase III dos ensaios clínicos; estando aprovado pelo CECMED – Centro Estadual de Controle de Medicamentos e Dispositivos Médicos a realização de um ensaio de intervenção que incluirá 150 mil voluntários. Mas não só destas duas vacinas provém as esperanças cubanas, mas duma terceira, de nome “Manbisa”, cujos ensaios clínicos se iniciam. Os cubanos se inclinam para a vacina Manbisa por um motivo simples: é de aplicação nasal e terá função terapêutica, de reforço clínico. Ela se insere em uma estratégia dos pesquisadores da ilha de se adiantarem as possíveis evoluções do vírus, entendendo estes que o combate as novas cepas deverá ser primordial… Cepas estas que o Brasil delirante produz em profusão.

Notas:
PT: Partido dos Trabalhadores;
PC do B: Partido Comunista do Brasil;
Anvisa: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Brasil).

Su-34M para a Argélia

Su-34 para a Argélia?
Governo argelino estaria para concluir acordo para aquisição de 20 aeronaves de ataque Su-34M.

Por: César A. Ferreira

A República Popular da Argélia estaria prestes a concluir uma negociação que visa a aquisição de 20 aeronaves de ataque Su-34M. o acordo englobará um pacote amplo de armamentos, manutenção, aquisição de spare parts, bem como a formação de pilotos e de pessoal de apoio (engenheiros, técnicos e mecânicos). A previsão de entrega do primeiro lote situa-se no corrente ano, 2021, estando o curso em solo russo previsto para ter inicio em 2022. É interessante notar que o primeiro lote de seis aeronaves servirá para instrução precursora em solo argelino para pilotos e pessoal de apoio. As 14 aeronaves restantes do contrato vindouro serão entregues em lotes subsequentes.


Esta notícia é de fato surpreendente caso se confirme, dado que a Al Quwwat Aljawwiya Aljaza’eriiya – Força Aérea da Argélia, encomendou recentemente 16 Su-30MKA e está em processo de recebimento e comissionamento destas aeronaves, adquiridas com o intuito de complementar as outras 58 aeronaves do tipo (Su-30 MKA).

Ficha técnica
Dimensões
Comprimento: 23,34 m;
Envergadura: 14.7 m;
Altura: 6,09 m;
Área rotor/asa: 62.04m;

Pesos
Vazio operacional: 8,000 kg;
peso vazio: 22,500 kg;
Carregado: 39,000 kg;
Máximo de Decolagem: 45,100 kg;

Desempenho
Velocidade Máxima: Mach 1.8 (2,000 km/h);
Teto Operacional: 15,000 m (49,200 ft);
Raio de Ação: 4,000 km (2,490 mi).

Motores
Quantidade e Tipo: 2 x turbofans de pós-combustão.
Marca: Lyulka;
Modelo: Lyulka AL-31FM1;
Empuxo seco: 7.600 kgf (74.500 N);
Empuxo em pós-combustão: 13.500 kgf (132.000 N);

Armamento
Canhão único GSh-30-1 de 30 mm (150 cartuchos);

Lista de armamentos integrados – mísseis:

Ar-Ar: R-27; R-73E; R-77.
Ar-Superfície: Kh-29T/L; Kh-38; Kh-25MT/ML/MP; Kh-55; Kh-59M; Kh-58; Kh-31; Kh-35 e P-800 Oniks (Kh-35 e P-800 são vocacionados para a função “anti-navio”, sendo que o Kh-31 pode também ser empregado nesta função. O Kh-55 é um míssil de cruzeiro, capaz de portar uma ogiva nuclear tática),

Bombas:
KAB-500L; KAB-500KR; KAB-500S; KAB-1500L/KR (Guiadas); OFAB-250-270; OFAB-100-120; FAB-500T; BETAB-500SHP; P-50T; ODAB-500PM (Não Guiadas); RBK-500;SPBE-D (fragmentação).