Foi revelado para Israel quem é o principal ator da região

O fim da hegemonia de Israel – perdeu um avião no céu sobre a Síria e apelou para Moscou para a salvação dos iranianos.

Autor: Pokrovsky, Alexander

Fonte: Tsargrad. Tv

Tradução: Alexey Thomas Filho

Não, Israel não perdeu fisicamente. A perda de uma aeronave é desagradável, mas não é um absurdo. Tel Aviv tem muitos deles… Israel perdeu moralmente.

Aproximadamente, é possível descrever não tanto os aspectos militares quanto o quadro psicológico/ militar que se desenvolveu no Oriente Médio após este fim de semana. Tal imagem poderia ser chamada geopsicológica, por analogia com geopolítica, quando, em termos formais, nada mudou no confronto dos lados em guerra, mas a imagem psicológica desse confronto tornou-se fundamentalmente diferente.

Batalha aérea no céu sobre a Síria

O que aconteceu? De acordo com o exército israelense, eles interceptaram na noite de sábado um drone iraniano que alegadamente invadiu o espaço aéreo de Israel no território da Síria.

Aqui, deve-se notar,  entre aspas, que a Síria não tem uma “fronteira comum” com Israel. Os limites são divididos pelas Colinas de Golan – território ocupado por Israel, que foi proclamado como seu, unilateralmente, mas reconhecido pelo mundo inteiro como território da Síria ocupado por Israel.

Também se deve notar que a Síria, adjacente ao Golan Heights, ocupada por Israel, acolhe vários grupos hostis a Damasco, incluindo a organização IG / IGIL (EI – Estado Islâmico), proibida na Rússia e no mundo pelo terrorismo. Todos eles estão sob controle óbvio e sob a capa protetora de Israel, que repetidamente bombardeou as forças do governo de Damasco, impedindo que os terroristas eliminados das áreas que ocuparam nas províncias de Deraa e Kuneitra.

Portanto, os drones iranianos não poderiam invadir o território de Israel. Muito provavelmente – embora os iranianos geralmente neguem a sua existência -, o aparelho estava realizando o reconhecimento das posições do IG (EI – Estado Islâmico), contra  o qual o grupo Hezbollah, que está sob o controle do Irã e do governo sírio – aliado ao legítimo governo sírio, está conduzindo uma luta irreconciliável.

Israel, de acordo com sua própria versão, realizou um ataque de “retaliação”, derrubando drones e atacando os “alvos iranianos” na Síria. É desta maneira que é denominada a base T4 “Tiyas” perto de Palmyra – 300 km adentro no território sírio. Foguetes (mísseis balísticos táticos) foram também dispados contra baterias antiaéreas na proximidade de de Damasco, que são considerados alvos “iranianos” por Israel…

Isso aconteceu muitas vezes, como se diz em Jerusalém, mais de uma vez. Parece ser formalmente, o suficiente, mas na verdade, até então, a fraca defesa aérea da Síria não tinha como resistir aos atos aéreos israelenses por um longo período de tempo. E até mesmo quando um caso relativamente recente, onde supostamente uma ave migratória danificou o super-moderno e super-implacável F-35 israelense, o comando judaico não se atentou (alertou-se).

Mas desta vez, deu-se o inesperado, uma verdadeira “resposta” séria chegou: as forças de defesa aérea da Síria lançaram vários mísseis contra as aeronaves israelenses. Como resultado, um F-16 foi derrubado e caiu no território de Israel. Os pilotos ejetaram, mas um deles veio a falecer em função dos ferimentos sofridos.  Além disso, os sírios anunciaram que atingiram e danificaram outras aeronaves de Israel, mas, aqui o fator Oriente entra em jogo e como é sabido, é praticamente impossível estabelecer de fora alguma confirmação que seja. Israel, em qualquer caso, silencia-se sobre este assunto – o que, no entanto, também pode ser explicado pelo mesmo fator Oriente.

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Destroços do F-16I Sufa abatido. Imagem: Reuters.

Quanto ao que exatamente “desbancou” os pilotos também diferem em versões.  De acordo com uma fonte, estes eram mísseis do complexo S-200, de acordo com outras, um dos mísseis do sistema “Pantsir-S1”, que foram transferidos recentemente para o exército sírio. Figuram, também, o sistema “BuK” como um dos heróis dos eventos. Alguns até indicam o S-400, mas isto é, na opinião geral dos observadores militares, improvável. Não no espírito, não no costume e não nos interesses. A menos que os capitães da defesa aérea síria Al-Ekseya. Mas, sem tal força maior, estava na ordem das coisas.

De qualquer forma, os restos de mísseis do S-200 foram encontrados no território da Jordânia e do “BuK” – no vale Bekaa no Líbano.

Um hooligan desdentado apelou para a polícia

Não, inicialmente caindo no estado de “anestesia” advinda da reação inesperadamente eficaz, Israel entrou em colapso nervoso encetando poderosos ataques às posições da defesa aérea síria e iraniana (na Síria). Os subúrbios ocidentais de Damasco foram submetidos a bombardeios. O resultado das invasões (três, de acordo com fontes locais) é novamente contraditório, mas, segundo alguns relatórios, outro vetor israelense foi abatido – helicóptero de ataque “Apache”. A autenticidade da mensagem é a mesma do leste.

Imediatamente, um alarme foi disparado em Israel, os habitantes do Golã foram enviados para abrigos, as decolagens e o desembarque de civis foram suspensos no aeroporto internacional Ben Gurion. Esta é uma evidência clara de que, em primeiro lugar, Tel Aviv, considerou seriamente a possibilidade de uma maior escalada das hostilidades, tanto contra a Síria como contra o Irã. A propósito, de acordo com os analistas, independentemente das ações concretas no futuro próximo, as partes se tornaram, em qualquer caso, em um ponto de inflexão histórica. Ou seja, o caminho para a perda da supremacia incondicional dos judeus no ar (excluindo o fator da Rússia, é claro) e o fortalecimento adicional da defesa aérea árabe e persa, significa, a retomada desta mesma dominação pela exclusão.

Em qualquer caso, do “voo” do “corvo” que danificou o F-35, ao realmente abatido F-16 passou-se um intervalo bastante rápido – alguns meses. E se os sírios – e, portanto, os iranianos – vierem a fechar completamente seus céus ao inimigo, significará uma mudança tectônica nas forças de todo o Oriente Médio. E caso os EUA não possam evitar que os seus aliados no Golfo comprem os sistemas S-400 da Rússia, então a configuração de todo o puzzle de energia na região poderá ser reformatada radicalmente.

Alguns analistas acreditam que, após o incidente atual, os americanos serão mais difíceis de jogar com as sanções: se o S-200, originários da década de 1960 abatem os F-16, o que o S-400 poderia fazer com os aviões israelenses?

É muito provável que em Israel, calculou-se muito rapidamente as consequências, em longo prazo, da atual batalha nos céus da Síria. Porque o “hooligan” decidiu reclamar à “polícia” sobre o comportamento ofensivo da vítima pretendida.

Em outras palavras, Israel se voltou para a… Rússia! Com um pedido para intervir e prevenir a escalada da “violência“. “Israel contatou os funcionários em Moscou com um pedido para transmitir a mensagem à Síria e ao Irã que, apesar de ter dado um poderoso golpe em resposta ao incidente com o drone, ele não está interessado em agravar a violência no futuro”, informou o jornal Times, com referências as fontes diplomáticas de Israel.

Claro, havia outras vozes. Conhecida por seus links com os círculos militares e de inteligência, o portal DEBKAfile acena com os punhos: “os mísseis de defesa aérea sírios que atingiram o F-16 israelense no sábado, 10 de fevereiro, fazem parte de um sistema administrado pelos russos a partir de sua base aérea Khmeimim”.

Bem, como você gostaria? Vamos questionar-lhes: o que você faz no céu da Síria, que tem um acordo de cooperação com a Rússia, incluindo o militar? Sim, vamos adicionar: por que, de fato, você está defendendo os bandidos ISIS (EI – Estado Islâmico) perto das Colinas de Golan, enquanto perde os vetores aéreos?

De qualquer maneira, o apelo a Moscou se deu. E a partir disto não houve continuação de ataques contra as posições das forças iranianas na Síria. E o Irã engrandeceu-se, muito. Não só anunciou que “a era dos ataques israelenses impunes na Síria terminou”, mas também prometeu que “as portas do inferno se abrirão sobre Israel”.

O mediador para a resolução da situação, àquele para o qual se apela para que a luta não chegue ao extremo, por padrão geral tem por escolha, Moscou. Tornou-se para todos no Oriente Médio uma espécie de policial militar.

Nota do Editor do Blog Debate Geopolítico: Ainda está nebuloso, no tocante aos vetores empregados contra o F-16I (Sufa), mas os debris, ou seja, partes do booster de um S-125 (Pechora) foram encontrados em solo libanês, além de partes de um vetor do sistema S-200. Alega a defesa antiaérea síria que os vetores 57E6 do sistema Pantsyr-S1 abateram vários mísseis táticos lançados contra alvos militares e civis em território sírio. As alegações da defesa aérea síria compreendem além do F-16I Sufa, abatido, outro F-16, um F-15I e um AH-64 “Apache”. Israel nega tais alegações e reconhece a perda do único F-16, pelo fato simples de que não é possível negar os destroços fumegantes ao lado de uma rodovia, aos olhos de todos e dos respectivos celulares.

Norte-americanos acreditam que ganharam a guerra sozinhos, russos teriam apenas “ajudado”

Fonte: RT

Tradução: Alexey Thomas Filho

Nos Estados Unidos, a vitória na Segunda Guerra Mundial é lembrada como um triunfo para os norte-americanos, e consideram que o Exército Vermelho agiu “mais ou menos como um assistente”, escreve o diário Washington Post. No entanto, o aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista passa quase que despercebida nos Estados Unidos, enquanto na Rússia, todavia, ainda é um dos maiores festivais do país, porque não há quase nenhuma família que não tenha sido afetada pela guerra.

Para a maioria dos norte-americanos, o aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista passa despercebida, escreve Washington Post. No entanto, na Rússia é um dos maiores feriados.

“Pergunte a qualquer russo sobre a experiência e as experiências de sua família durante a Segunda Guerra Mundial, e quase invariavelmente a resposta obtida será a seguinte: sofrimento a serviço do país no campo de batalha ” – as notas do jornal.

Ao contrário dos Estados Unidos, que, após o ataque japonês a Pearl Harbor foram amplamente protegidos contra ataques pelas águas do Pacífico e  do Atlântico, a Rússia durante a Segunda Guerra Mundial estava sob cerco, foi bombardeada no seu território que tinha sido invadido. Em seguida, o Exército Vermelho chegou a Berlim desempenhando um papel fundamental na derrubada de Adolf Hitler.

As perdas da União Soviética foram enormes. Segundo a maioria dos historiadores, a União Soviética perdeu entre 27-28 milhões de pessoas. E a geração dos idosos russos ainda mantém memórias dolorosas de fome durante a guerra.

Enquanto isso, no que se refere á II Guerra Mundial, Estados Unidos a lembram como uma vitória para os norte-americanos, considerado apenas que o Exército Vermelho agiu “mais ou menos como um assistente”.

As memórias dos russos são focadas em suas próprias vítimas, diz o artigo. Segundo os cidadãos da Rússia, o verdadeiro significado do feriado não reside em paradas militares, possui um contexto mais pessoal.

“Na Rússia, são muito poucas as famílias que não foram afetadas pela guerra”, – disse a edição russa do Washington Post.

E, como os veteranos morrem, seus filhos e netos começaram então a realizar procissões por ocasião do dia da vitória na qual eles carregam imagens de seus familiares, os participantes da Grande Guerra Patriótica. Esta iniciativa, que um evento separado dos desfiles militares, apareceu em 2012 como um movimento não-político, entretanto, de acordo com a publicação, uma vez que pegou,  o Kremlin a adotou.

Além disso, a partir de 2008, Vladimir Putin reavivou a tradição de realizar “desfiles de tanques ao estilo soviético”, algo que se vê na comemoração do 09 de maio “para reunir os cidadãos em torno da bandeira”.

Os críticos das celebrações do Dia da vitória de Putin dizem que ele transformou este aniversário em um “evento politizado “, que se destina mais à servir o Estado, e não a memória das pessoas que sofreram na guerra.

“Antes os veteranos se reuniam nesta celebração, para beber e para recordar camaradas caídos. Veem, agora, o foco principal ser colocado por sobre os desfiles militares”, – diz o artigo.

De acordo com o Washington Post, a palavra fascismo agora também adquiriu os “novos valores”, o Kremlin geralmente a aplicada à nova liderança da Ucrânia. Ao mesmo tempo, com a ajuda da celebração da vitória na Segunda Guerra Mundial o termo se soma aos “esforços de Putin que visam a angariar apoio interno para uma política dura em direção a seu vizinho “, – citação presente no artigo.