Os números da guerra ucraniana

Por: César A. Ferreira

A guerra em curso na Ucrânia tem atraído a curiosidade de muitos, notadamente sobre as perdas materiais impostas para ambos os contendores. Recentemente, um informe atribuído a inteligência militar das Forças de Autodefesa de Israel, ganhou repercussão. O informe detinha as seguintes marcações:

Perdas russas: 23, aeronaves de caça/ataque; 56, helicópteros (sem especificação); 200,  drones, 889, carros de combate e veículos blindados de transporte (tropas); 427, peças de artilharia (sem especificação); 12, sistemas antiaéreos (sem especificação). Mortos em ação: 18.480 mortos. Feridos em combate: 44.500. Combatentes empregados em campo: 418.000. Prisioneiros: 323, capturados. Reserva de contingente: 3.500.000.

Estes números possuem algumas inconsistências, como apontar o valor de 418.000 combatentes nos fronts do TO ucraniano, visto que a mobilização parcial russa efetivamente convocou 222.000 de um universo esperado de 300.000… Se considerarmos que não há rotação de formações por parte do comando russo, o que não condiz com a realidade, e somarmos o contingente pré – mobilização com o total de convocados, iremos obter a soma de 150.000 + 222.000 que terá o resultado de… 372.000. Certamente algum motivo existe para os analistas de inteligência israelenses apontarem o valor de 418.000, mas, tal motivo foge à percepção pouca deste desatento escriba, devo dizer.

O mais interessante, no entanto, é o relatório das perdas da Ukrowermacht imposta pelas forças russas. As perdas do Ukroreich são as que seguem: 302, aeronaves de caça/ataque; 212, helicópteros; 2.750, drones; 6.320, carros de combate e veículos blindados de transporte (tropa); 7.360, peças de artilharia (não especificadas); 497, sistemas antiaéreos. Mortos em ação: 157.000. Feridos em combate: 234.000. Prisioneiros: 17.230, capturados. Combatentes empregados em campo: 734.000. Mobilização em curso: 100.000.

Um dado relevante deste recorte informativo é que ele não se restringe a informar as perdas dos dois contendores, mas também as perdas do efetivo da OTAN presente (Instrutores, oficiais de inteligência e ligação, observadores, operadores, notadamente dos EUA e do Reino Unido), bem como dos mercenários estrangeiros. Os combatentes da OTAN mortos somam 2.458 almas e os mercenários outras 5.360 … A data de fechamento do relatório israelense é 14.01.2023.

Pois… É interessante comparar as perdas da Ukrowermacht com aquelas divulgadas pelo Ministério da Defesa da Federação Russa. No recorte informativo referente as perdas impostas ao inimigo, os russos apresentaram os seguintes números: 377, aeronaves de caça/ataque; 204, helicópteros (não especificados); 2.948, drones; 402, sistemas antiaéreos; 7.627, carros de combate e veículos blindados de transporte (tropa); 988, veículos lançadores de foguetes; 3.906 peças de artilharia de tubo (morteiros inclusos); 8.171, veículos militares especiais…  É intrigante observar como estes relatórios, ao menos no tocante as perdas impostas aos ucranianos, possuem números próximos, ademais, o informe russo é bem mais recente, já que data do dia 25.01.2023, onze dias de diferença.

Em relação as mortes, observa-se que a proporção é favorável aos russos na ordem de 8:1, proporção que se torna assombrosa numa guerra marcada pelo uso extenso da artilharia, além disto, na proporção havida no tocante às perdas das peças de artilharia de tubo, a ordem resultante é de: 14:1…

Como é bem sabido, números de perdas só podem ser verificados com correção após o término das hostilidades, quando contendores franqueiam acesso dos seus arquivos aos historiadores militares. Durante o curso da guerra o que se obtém são especulações, estando os comentaristas e correspondentes dependentes dos relatórios oficiais das nações em guerra, cuja confiabilidade não pode ser total, por motivos óbvios. No entanto, relatórios advindos de terceiros, como o presente esforço atribuído a inteligência militar israelense, acabam por jogar uma luz, ainda que breve e incerta, sobre aquilo que se passa no campo de batalha.

Notas:

Ukroreich: forma jocosa de designar o governo ucraniano. Analogia referente ao Reich alemão da década de 40 do século passado.
Ukrowermacht: forma jocosa de ser referir as forças armadas da Ucrânia. Analogia referente a antiga Wermacht (Alemanha, século XX)..

O F-104 encontra o seu algoz

Por: César A. Ferreira

Em 1971 o MiG-21 já havia consolidado a sua reputação nas suas mais diversas versões, pilotos de Mirage III e F-4 Phantom sabiam que o MiG-21 consistia num inimigo temerário. Porém, o caça soviético não havia se confrontado, ainda, com um oponente leve e ainda mais rápido do que ele: o F-104A, o “galgo da Lockheed”.

A Força Aérea do Paquistão (PAF.,ing.)[1], era a antiga operadora do F-104A, já presente no inventário paquistanês quando do conflito de 1965, onde a PAF exibira elevada capacidade operativa, todavia, o F-104A não tivera naquela guerra uma participação destacada, ao contrário dos onipresentes F-86F… Pois, em 1971 a situação seria diferente e os F-104A teriam um adversário na mesma altura.

Em 1971 os MiG-21 da Força Aérea da Índia (IAF., ing.)[2], estavam padronizados no padrão FL. No dia 12 de dezembro, segundo arquivos indianos e 13 de dezembro segundo relato da PAF, um elemento de F-104A da PAF que estava incumbido de atacar a Base Aérea de Jamnagar, foi interceptado por um elemento de MiG-21 FL. Os F-104A paquistaneses estavam equipados com tip tanks[3] e dois misseis AIM-9B nos cabides. Enquanto faziam a sua passagem foram alvejados por mísseis K-13 e o líder, Wing Commander Mervin L. Middlecoat foi abatido. O Tenente Tariq Habib relata que o Comandante Middlecoat ejetou e o seu avião penetrou nas águas do golfo de Kuch, invertido. Deu-se conta que um MiG-21 se postava à sua direita e com after-burner ligado evadiu-se do local… O relato de Habib é explicito em dizer que o elemento de ataque permanecera minutos a mais sobre o alvo para corrigir a passada [4}, isto, porém não tira o brilho da vetoração da IAF que levou o elemento de MiG-21 para a interceptação com sucesso. O piloto que logrou a vitória aérea foi o Tenente Aviador Bharat B. Soni (MiG-21 FL). Os relatos indianos dão conta que apesar de vetorados, o elemento de MiG-21 já tinha os dois F-104 no visual antes de efetuarem a corrida para o alvo, de tal maneira que a demora na correção da passada narrada por Habib pouco influenciaria. O F-104A abatido de Middlecoat ostentava número seriado 56-773, e segundo o relato indiano o míssil K-13 não travou no alvo, por ter se perdido pelo uso defensivo de flares por parte de Middlecoat, sendo por isso abatido a tiros de canhão.

A Índia alega o abate de 5 F-104A no conflito de 1971, enquanto a PAF admite apenas a perda de outros dois destes caças, sendo uma destas perdas atribuída à artilharia antiaérea indiana [5], totalizando as perdas em três aeronaves F-104A. No dia 17 de dezembro um elemento de MiG-21 FL [6] efetuava a escolta de dois elementos de HF-24 “Marut” em missão de ataque. Naquele momento um elemento de F-104A, transferidos para a PAF da Jordânia patrulhavam a área Naya Chor. Estes modelos provindos da Real Força Aérea Jordaniana não tinham adaptação para disparo do míssil AIM-9 a partir dos pilones internos, obrigando a PAF optar por tanques, ou mísseis nas pontas das asas. Neste caso, a PAF optou por colocar no ar uma CAP noturna de F-104A armada apenas com canhões, dado que sem os tanques a permanência em patrulha de combate seria absurdamente breve… Pois, a narrativa do combate aponta que o elemento de MiG-21 FL tornou-se ciente da presença da CAP da PAF com antecedência, pois os paquistaneses nos seus relatos apontam que a estação de radar de Badin informara aos pilotos que dois inimigos deles se aproximavam, vetorando-os, então, para uma aproximação frontal. Após a passagem frente a frente, a narrativa paquistanesa afirma que no afã de posicionar-se em posição ideal de tiro atrás do líder do elemento de MiG-21, o Tenente Aviador Salmar Changezi foi por sua vez enquadrado e abatido pelo ala do elemento de MiG-21, no caso pelo Tenente Arun K. Datta, que teria disparado dois mísseis K-13, o primeiro tendo errado o alvo, o segundo atingindo-o com sucesso. O líder do elemento de F-104A, Tenente Aviador Rachid Bhatti, desengajou e retornou a base da Masroor. O relato de Bhatti é interessante no sentido que ele narra que Changezi estava num ângulo acentuado demais para fazer fogo com o canhão, entusiasmado para corrigir e abater o MiG à sua frente e não se deu conta que se posicionava de maneira ideal para o ala do líder do elemento indiano. O primeiro míssil de Datta teria sido disparado de forma precipitada, o segundo num ângulo de engajamento ideal. O F-104A de Changezi, ostentando o número de série 56-787 explodiu, sem chances para ejeção.

Os combates evidenciaram que o MiG-21 se mostrara superior para o combate aéreo aproximado perante o F-104A, isto se evidencia no combate de Naya Chor, onde numa refrega 2×2 um piloto da PAF foi vaporizado no ar e o outro que tudo assistia no “poleiro” [7], preferiu antes salvar a própria vida do que perseguir uma estela de herói. A PAF é uma força aérea aguerrida, treinada na doutrina da USAF e orgulhosa das suas tradições, por isso a sua narrativa reforça a posição de interioridade relativa dos seus pilotos, ainda que isso possa ser aceito como uma “verdade” no combate de Middlecoat, onde fora interceptado, não se pode dizer o mesmo no caso de Changezi. O fato é que muitos pilotos disseram que para um dogfight o “galgo da Lockheed” se comportava como se tivesse “tijolos ao invés de asas”. De fato, o interceptador F-104A que despontava como inadequado para a função de superioridade aérea, por motivo inescrutável acabou como o caça de ataque padrão europeu, na versão G e S. No velho continente equipou forças aéreas da OTAN e de países que na época não faziam parte do pacto, caso da Espanha (onde foi empregado na função original de interceptador). Do tratado atlântico, a Alemanha, Bélgica, Grécia, Noruega, Holanda, Itália e Turquia o tinham como caça e dizem as más línguas, que na convivência diária com o “fazedor de viúvas” grassava nos seus operadores uma inveja mortal da Armée de l’air com os seus Mirage III…

Notas:
[1]: PAF – Pakistan Air Force.

[2]: IAF – Indian Air Force.

[3]: Tip Tanks (inglês) – Tanques de ponta de asa.

[4]: O relato fala em um atraso de 60 a 120 segundos sobre o alvo.

[5]: Abatido em 5 de dezembro de 1971 pelo 27º Regimento de Defesa Antiaérea, na área de Amristsar, ação atribuída ao artilheiro Hav Ramaswamy. O F-104A de número seriado 56-804 era pilotado pelo Tenente Amjad Hussain, que ejetou e foi capturado.

[6]: Baseados em Uttarlai.

[7]: “Não se contesta a história do piloto que retorna” – o axioma militar explica em muito a situação, não se pode criticar o fato de Rachid Bhatti não ter perseguido o elemento de MiG 21 FL, pois estes efetuaram uma curva em direção a própria sua base desengajando do combate, provavelmente por conta do consumo de combustível, motivo que já afetava Bhatti, com uma hora de patrulha já efetuada quando se deu a refrega.

Características do MiG-21FL:

Velocidade máxima: 2.175 km/h (1.170 kn.);
Velocidade máxima em Mach: 2,0 Ma;
Alcance: 1 210 km;
Teto máximo: 17 800 m. (58 400 ft.);
Armamento: mísseis K-13 (AA2 “Atol”). POD GP-9 (GsH 23mm, geminados).
Comprimento:14,5 m. (47,6 ft.);
Envergadura: 7,154 m (23,5 ft.);
Altura: 4 m. (13,1 ft);
Área das asas: 23 m² (248 ft².);
Alongamento: 2.2;
Peso carregado: 8 825 kg. (19 500 lb.).

Motor

Tumansky: R11F2S-300;
Tipo: turbojato com pós-combustor;
Comprimento: 4.600 mm (181,1 pol.);
Diâmetro: 906 mm (35,7 pol.);
Peso: 1.124 kg (2.477 lb);
Componentes:
Compressor: Compressor axial , (LP) 3 estágios, (HP) de 3 estágios;
Empuxo máximo:38,7 kN (8.708 lbf);
60,6 kN (13.635 lbf) com pós-combustor.
Relação de pressão geral: 8,9:1;
Temperatura de entrada da turbina: 955 °C (1.750 °F.);
Consumo específico de combustível:
97 kg/(h·kN) (0,95 lb/(h·lbf)) em cruzeiro;
242 kg/(h·kN) (2,37 lb/(h·lbf)) com pós-combustor;
Relação empuxo-peso: 53,9 N/kg (5,5:1).

Características do F-104A:

Comprimento: 16,66 m. (54,8 ft.);
Envergadura: 6,63 m. (21,9 ft.);
Altura: 4,11 m. (13,6 ft.);
Área da asa: 18,22 m. (196,1 ft.);
Aerofólio: Biconvexo 3,36% raiz e ponta.
Peso vazio: 6.350 kg. (14.000 lb.);
Peso máximo de decolagem: 13,166 kg. (29.027 lb.);
Velocidade máxima: 1.528 mph (2.459 km/h, 1.328 kn);
Velocidade máxima: Mach 2.
Alcance de combate: 420 mi (680 km, 360 mn);
Alcance translado: 1.630 mi (2.620 km, 1.420 mn);
Teto de serviço: 15.000 m. (50.000 ft.);
Taxa de subida: 240 m/s (48.000 ft./minuto);
Carga da asa: 510 kg/ m²;
Armamento:
Canhões: 1 × 20 mm (0,787 pol.) M61A1 Vulcan, canhão rotativo de 6 canos, 725 tiros.
Hardpoints: 7 com capacidade de 4.000 lb (1.800 kg), com provisões para transportar combinações de até
4  AIM-9B “Sidewinder”.

Motor

General Electric J79-GE-19;
Tipo: turbojato axial com pós-combustor;
Peso:1,750 kg (3.850 lb.);
Características gerais:
Comprimento: 5,3 m. (17,4 ft.);
Diâmetro: 1,0 m. (3,2 ft.);

Componentes:
Compressor: compressor axial de 17 estágios com palhetas de estator variável.
Combustores: canular;
Turbina: 3 estágios;
Empuxo máximo: 11.900 lbf (52,8 kN) seco; 17.900 lbf (79,6 kN) com pós-combustor;
Relação de pressão geral: 13,5:1
Fluxo de massa de ar: 170 lb/s (77 kg/s);
Temperatura de entrada da turbina: 1.710 °F. (932 °C.);
Consumo específico de combustível: 1,965 lb/(h·lbf) (200 kg/(h·kN)) com pós-combustor, 0,85 lb/(h·lbf) (87 kg/(h·kN)) em cruzeiro.
Relação empuxo-peso: 4,6:1 (45,4 N/kg).

Boeing C-17, Shashi Kant Sharma, & Contabilidade

Fonte: Security Wise. Publicado em 19 de agosto de 2016.
Autor: Bharat Karnad.

Tradução: J. Junker.

É curioso que a imprensa mainstream indiana e os meios de comunicação levantam o inferno quando se trata de algo de errado com equipamento militar de procedência russa mas ficam estranhamente silenciosos e falham em relatar o mesmo com as conclusões da Controladoria e Contabilidade Geral (CAG, a CGU indiana) sobre problemas com equipamentos e plataformas ocidentais, de procedência estadunidense. A maior parte dos mais de US$13 bilhões em compras de defesa dos EUA durante a última década foram feitas de aviões de transporte de alto valor – o C-17 Globemaster III, aviões de longo alcance, pesados, e o mais versátil C-130J Hercules ambos aeronaves de transporte, que também pode desdobrar-se para missões expedicionárias. Um acordo gov-a-gov foi assinado em Junho de 2011 para uma ordem inicial de 10 C-17 avaliados em mais de US$ 4,120,000,000 (Rs 18,645.85 crore).

É uma coisa muito boa que a Força Aérea Indiana (IAF) finalmente priorize a capacidade logística distante e adquira os C-17 que pode, em teoria, entregar 70 toneladas de carga útil à mais de 4.200km, ou 40ton em 9.000km. Por enquanto, tudo bem. Agora aqui é onde as falhas começam. Um certo número de condições precursoras eram necessárias para a obtenção destes aviões fosse executada otimamente ao serviço da IAF. Um simulador de treinamento do C-17 deveria ser configurado e ativado antes da entrega dos aviões, de modo que os pilotos do 81st Squadron da IAF, baseado em Hindan AFB, teriam adquirido familiaridade com os sistemas de bordo, procedimentos operacionais e protocolos, e alcançasse um certo nível de perícia, de conhecimento e proficiência antes de levá-los ao ar. Na verdade, é obrigatório que cada grupo tenha 1.700 horas por ano no simulador para a qualificação inicial, certificação trimestral, e “instrução de missão e apuramento em operações especiais”.

A IAF, como observa o relatório da CAG, queria um simulador instalado e funcionando em um mínimo de três meses meses “antes da entrega” do primeiro C-17. De acordo com o contrato de offset (junho de 2011), os serviços de simulador na Índia deveriam ser disponibilizado até julho de 2013 para os aviões entreges no período de junho de 2013-dezembro de 2014. A auditoria observou que a Boeing “ainda estava para instalar” o simulador através do seus parceiros indianos de offset – a Mahindra Sistemas de Defesa e Tata Consultancy Services, com valor total de compensações relativas a equipamentos no valor de US$ 135.080.000 (Rs 611.92 crore) para simulador de treinamento de manutenção de voo e simulador de treinamento em voo. A falta destas instalações foram sendo compostas pelos pilotos do 81st Squadron como “pilotos de roteamento para o treinamento em simulador” com a Força Aérea dos Estados Unidos, “com vagas liberadas pelo Governo dos EUA”.

Ótimo. Então, há realmente um incentivo para a IAF para não fazer um barulho ou o CO, 81 Sqdn, para não reclamem para o estabelecimento da (falta de) simuladores no país, porque as tripulações e o pessoal de manutenção agora começam a fazer a sua formação nos Estados Unidos, e se este for para a vida útil da aeronave, qual a melhor? Quem pode opor-se a um arranjo tão agradável?? Certamente ninguém na IAF!!!

Da mesma forma, a infraestrutura terrestre “especializada” que custa US$ 152,75 milhões (Rs 723,27 crore), deveria ser criada pela Boeing com o programa executado, para fins de controle de qualidade, pelo Army Corps of Engineers, nomeados por Washington (presumivelmente, juntamente com o parceiro de offset indiano, L&T), antes da chegada da aeronave em junho de 2013. Enquanto em setembro de 2015, apenas 54% do trabalho tinha sido concluído, “a conclusão da infraestrutura” era, diz a CAG, prevista para dezembro de 2015. Se este trabalho foi concluído, o relatório da CAG não diz. Talvez, como parte da infraestrutura, pistas de alta qualidade com número de classificação de pavimento especificado (PCN) de 75 são necessários para o C-17 para fazer valer a sua carga máxima de 70 toneladas. Novamente, isso precisava estar em vigor antes da indução desse meio na IAF, em todas as bases que se planejava para sediar esta aeronave – além de Hindan, Sirsa, Sarsawan, Jammu, Pathankot, Udhampur, e mais quatro aeródromos do Ocidental Air Cmd sofreria avaliação para atualização de PCN – entre eles Awantipur, Chandigarh e Thoise.

As falhas da IAF, segundo a CAG, por não avaliar a “adequação de suas pistas antes da indução”, resultaram na pura “subutilização da capacidade de carga útil”, com C-17 transportando menos de 17 toneladas em missões e média em torno de 26-35 toneladas. “Assim, um bem nacional caro, adquiridos para transporte de cargas pesadas não estava sendo utilizado de acordo com a sua capacidade.” O desperdício criminoso de Vayu Bhavan, a atitude chalauu kaam, reflete-se na sua explicação, em abril de 2016 para a CAG: que o C-17 “é capaz de operar em pistas com menor valor de PCN no caso de que a situação exiga tal operação” e que esta avaliação “detém boa parte relativamente a 14 aeródromos” encontrados “inadequado para operação” por causa de “valores PCN baixos e requisitos de terra de manobra”. em outras palavras, a IAF foi preparada, com capacidade de carga para além do subutilizado, e uma mais rápida degradação dos próprios C-17 por operarem a partir de pistas sub-par.

A infra-estrutura deficiente incluí, é claro, a ausência do equipamento de terra, tais como equipamentos de assistência em escala (empilhadeiras) e para “paletização” e manipuladores especialmente treinados para eles permitam “reduzir tempo em terra de um ativo estratégico, cujo principal objectivo é a rápida implantação”. Tudo o que havia para agilizar a carga / descarga é um forklifter de 13 toneladas ocupando 35% do espaço de carga disponível a ser transportado a bordo de todos os C-17. Isso requer um par de saídas para o mesmo destino, onde apenas um teria sido suficiente. As penalidades de custo são enormes considerando o custo por hora de voo é Rs 43.19 lakh, o que a CAG considera “imprudente”.

Então, como é que a IAF e seus C-17 estão nessa confusão? O Relatório da CAG acusa claramente o fato de que “embora o cronograma de pagamento trimestral ao Governo dos EUA foi definido na LOA (Carta de Oferta e Aceitação), não havia nenhuma condição estipulada para a imposição de penalidades por atraso no fornecimento / prestação de serviços de infra-estrutura. “Em outras palavras, existe uma obrigação para a Boeing ser paga no tempo certo e o Governo dos EUA em entregar as aeronaves, mas não há obrigação para a Boeing entregar os serviços e infraestrutura contratadas relacionadas com operações eficientes desta aeronave. Legalmente, a Boeing e o USG não precisam fornecer a infraestrutura até perto do fim da vida útil da aeronave! Não que a IAF se importe!

Mas aqui está o cerne de toda a questão. Como é que este contrato substantivamente falho e deficiente passou pelo Ministério da Defesa, e quem é responsável por isso? Bem, o diretor-geral de aquisições, no ministério da defesa, em junho de 2013, quando a LOA foi assinado era Shashikant Sharma, IAS (Indian Administrative Service) e, portanto, diretamente responsável por aceitar este contrato. Sharma foi demitido do cargo de DG de aquisições no mês seguinte (em julho de 2013), mas não antes de concluir o negócio de helicópteros VVIP com a Augusta-Westland – lembram-se desse embuste? – Para o qual ele foi recompensado com um posto de secretário de Defesa, aposentando-se com essa capacidade, e nomeado à CAG pelo governo Partido do Congresso de Manmohan Singh. E é com a CAG que agora ele tem o desplante de se pronunciar sobre as deficiências do contrato do C-17, o qual ele foi originalmente o responsável, em primeiro lugar. Muito bom.

Conforme indicado em blogs anteriores, Shashikant Sharma em sua aposentadoria como controlador da CAG em 2017, precisa ser investigado por seu papel no esquema Agusta, mas também pelo fiasco dos C-17. Um começo foi feito pelo CBI HC Gupta (IAS, aposentado) o ex-secretário de carvão, no mesmo ministério durante os anos Manmohan. Há razões mais importantes, a segurança nacional, para investigar Shashikant Sharma e prendê-lo com uma sentença dura. Ela terá um enorme efeito sobre burocratas. A menos que a responsabilidade se torne a norma, o atual sistema fenomenalmente relaxado, em última análise, de má gestão de recursos financeiros, irá persistir e a Índia voluntariamente será reduzida, por seus governantes, a condição de um mendigo.

Nota do Editor: este texto foi retirado do Fórum Defesa Brasileira, onde fora publicado na sua forma original, em inglês, bem como com a presente tradução para o português, realizada por Junker.