ARA San Juan: intensificam-se as buscas

Por: César Antônio Ferreira

As buscas ao submarino S-42 ARA San Juan se intensificam, visto que agora cada hora que passa conta.

Devido uma esclarecedora revelação por parte do porta-voz da Base Naval de Mar del Plata, Capitão Gabriel Galeazzi, sabe-se hoje que em seu último contato o submarino ARA San Juan informou a ocorrência de um curto-circuito em suas baterias. O Capitão Galeazzi expressou-se da seguinte maneira:

“El buque salió a la superficie y de ahí comunicó que las baterías habían sufrido una avería con un cortocircuito. Por eso, el comando de las Fuerzas de Submarinos, que era su control en tierra, le dice que cambie inmediatamente la derrota y venga a Mar del Plata”.

Tem-se, portanto, duas revelações importantes até então mantidas em sigilo pela Armada Argentina: 1) confirma-se que houve avarias nos painéis de baterias do submarino; 2) que este havia realizado uma emersão e estava à superfície quando da realização do contato na meia-noite da última quarta-feira. O termo “derrota” no meio naval possui o significado de retorno.

Compreendem-se, agora, os procedimentos iniciais de busca por parte da Armada Argentina que tinha a expectativa inicial de que o submarino estaria emerso, ou seja, na superfície. Mas, tal não se deu, com todos os esforços das armas argentinas e dos meios internacionais disponibilizados não se localizou um charuto negro de metal com 65 metros de comprimento flutuando ao sabor das ondas. O Vice Almirante reformado Antônio Mozzarelli em declaração ao canal América confirmou a perspectiva deste redator:

“Dado el tiempo transcurrido, se empiezan a tomar previsiones, pensando que pudo haber ocurrido lo peor. Una posibilidad es que el submarino no esté en la superficie, ya que debería haber sido detectado por los radares de los aviones especializados”.

Se o sentimento que perpassa os militares era de urgência, agora este o é ainda mais, pois se torna evidente que as avarias agravaram-se e caso esteja no fundo, imobilizado, as condições de sobrevivência degradam-se a cada hora que passa. Para renovação do oxigênio a bordo o submarino depende de energia. Não se sabe as condições atuais do S-42 ARA San Juan, mas, tomando-se como expectativa o pior cenário, que seria de estar imobilizado e imerso, sem energia, o tempo limite para a manutenção de vida a bordo seria de sete dias.  No caso de estarem os 44 tripulantes realmente confinados e desprovidos de energia no fundo, sem possibilidade alguma de renovação do ar a bordo, a sobrevivência estaria delegada a capacidade de se retirar, ou seja, filtrar o dióxido de carbono que se acumula, concentra-se, a cada hora que passa, resultado da expiração de cada um dos 44 tripulantes presentes.

Sinais de batida nos casco.

Uma nota do serviço da CNN em espanhol afirma que a Armada Argentina teria identificado por meio do sonar de uma das suas embarcações, sinais sonoros típicos do bater de ferramentas metálicas junto ao casco, procedimento esperado de uma tripulação confinada e que quer se fazer ouvir pelas embarcações de busca.  Com isto a Armada Argentina redobrou o seus esforços na proximidade do contato havido, que teria se dado na manhã desta segunda-feira, em uma área de 35 milhas náuticas, em uma faixa de 330 milhas da costa.

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UUV Bluefin 12D. Imagem: Bluefin.

EUA enviam “drone” subaquático

Participando ativamente do esforço de busca internacional pelo ARA San Juan a USNAVY apressa o envio de veículos subaquáticos não tripulados, dotados de sonar de varredura lateral, para efetuarem a busca e localização do referido submarino. Estes veículos são dos modelos UUV Bluefin 12D e Iver 580. O Bluefin, mais sofisticado, realiza varredura a 3 nós até a profundidade de 1520 metros, ou cerca de 5.000 pés, exibindo uma resistência (autonomia) de 30 horas. Já o modelo Iver 580 trabalha até a profundidade de 99 ~100 metros e exibindo uma resistência de 14 horas.

Nota do Editor: nestas últimas horas, a Armada Argentina não confirmou como sendo provindo dos submarinistas os sons gravados, até então tidos como de “golpes de casco”. Não se observou a cadência típica de uma mensagem em código morse. Todavia, navios de investigação científica e que possuem sonar de varredura lateral se dirigiram para área, dentre eles se encontra o navio polar H-41 “Almirante Maximiano”.

A pergunta natural após a revelação de que o S-42 ARA San Juan em seu último contato comunicou curto-circuito em suas baterias e que quando o fez estava emerso, ou seja, à superfície marinha, que seria justamente o fato dele não ter se mantido à tona, é respondida pelo ex-oficial submarinista Horácio Tobías, no programa Café de La Tarde, do canal La Nacíon, que explicou que as condições de mar levaram o comandante a imergir, pois assim considerava ser melhor para navegação. Disse aos seus interlocutores que as condições de mar observadas (estado de mar 6) proporcionavam vagas que eram da altura da vela do submarino, quando não maiores e que a violência das mesmas jogaria de tal forma o submarino que a tripulação poderia sofrer contusões graves durante as suas atividades. O TR-1700, como outros submarinos, foi projetado para melhor desempenho quando submerso. Pois bem, até o presente momento não me parece ter sido uma decisão feliz, caso tenha havido, diga-se, esta de imergir o submarino avariado. Esperamos, agora, pelo desenrolar dos acontecimentos.

Os submarinos russos devem dominar o Pacífico em breve

09 de agosto de 2016

Por: Rakesh Krishnan Simha

Fonte: RBTH

Uma nova geração de  silenciosos submarinos, mais rápidos e  letais está prestes a entrar em serviço para reforçar as unidades da Marinha russa.

Os submarinos russos voltaram a operar no oceano Pacífico, de onde se ausentaram por mais de uma década. Pela primeira vez desde a Guerra Fria, a Frota russa do Pacífico está operando submarinos mais silenciosos, armados e poderosos.

De acordo com um estudo intitulado “O reequilíbrio asiático da Rússia” pelo Instituto Lowy de Política Internacional da Austrália, a transposição do foco da Rússia para a Ásia provocou uma renovação em grande escala da sua Frota do Pacífico, que durante a próxima década irá atingir o seu valor mais elevado em meios navais.

“Foram atribuídos a esta frota novos submarinos portadores de mísseis balísticos e caçadores/assassinos (submarinos nucleares de ataque), o que dará um grande impulso para as aspirações do potencial,  de projeção de poder de Moscou na região”, diz o estudo.

De acordo com o analista militar russo Dmitri Gorenburg, “a frota do Pacífico poderia tornar-se a maior frota de Rússia durante a próxima década devido à crescente importância geopolítica da região e à concentração de poderes navais nesta área”.

Mudança de foco

Durante a Guerra Fria, a Marinha soviética era conhecido por suas armas poderosas, como o submarino classe Typhoon (termo adotado pela OTAN, para os soviéticos e seus herdeiros, o nome da classe é Akula).

Com um deslocamento de 48.000 toneladas, foi quase tão grande quanto um porta-aviões e eclipsando o maior submarino da Marinha dos EUA por uma margem de 20.000 toneladas. Este leviatã soviético poderia jogar 200 ogivas nucleares contra cidades e instalações militares do inimigo em um único ataque.

Agora a prioridade é expandir a frota, especialmente com os submarinos da classe Borei. Embora tenha metade do tamanho do Typhoon, o Borei é um grande avanço em relação à escola soviética de construção de submarinos. A classe Borei representa a nova geração de submarinos russos extremamente silenciosos. É mais barato e exige uma tripulação bem menor. Ao mesmo tempo, não nada em termos de potencial de ataque, pois é capaz de lançar entre 16 e 20 mísseis nucleares com até oito ogivas orientadas de forma independente.

A Rússia espera substituir seus submarinos (SSBN) da Guerra Fria, com um total de 12 submarinos de mísseis balísticos da classe Borei indica Gorenburg.

Potencial e projeção

O aumento de tamanho, poder de fogo e gama dos submarinos russos, estão em sintonia com o novo boom  (crescimento) da Rússia. Durante a Guerra Fria, a Marinha dos EUA ostentava submarinos muito mais silenciosos, algo que o governo soviético reservadamente nunca se preocupou em refutar.

No entanto, com a abertura da Rússia, eles estão descobrindo as verdadeiras capacidades dos seus submarinos. A tripulação de submarinos russos muitas vezes contam histórias sobre como eles chegaram quase a arranhar a barriga dos navios dos EUA sem que os americanos soubessem deles. Tais histórias podem estar mais perto da verdade do que os especialistas acreditam (ou gostariam).

Almirante Mark Ferguson, comandante das Forças Navais dos EUA na Europa, disse à CNN que “(…) a Rússia está implantando submarinos de combate (SSN) e mísseis (SSBN) a um ritmo difícil de seguir para os Estados Unidos. Moscou criou novos submarinos que são mais difíceis de controlar e detectar pela Marinha dos Estados Unidos”.

“(…) Eles são mais silenciosos, mais bem armados e têm um alcance maior”, disse Ferguson. “Vemos que os russos têm sistemas de armas mais avançados, sistemas de mísseis que podem atacar as áreas terrestres a longa distância e também ver que o seu funcionamento e capacidade está a melhorar à medida que se afastam das suas águas”.

O almirante reformado James Stavridis, ex-comandante da OTAN, acrescentou: “Nós não podemos ter 100% de certeza sobre a atividade subaquática da Rússia, hoje”.

Perspectivas para o futuro

Atualmente, existe um plano para desenvolver um submarino nuclear de uma classe multiuso , a fim de construir algo mais barato e de menor tamanho do que a classe Yasen. Este seria submarino nuclear de ataque cujo armamento seria ao menos comparável aos mísseis presentes na classe Virginia dos EUA. A Marinha russa espera começar a construção destes submarinos o mais rápido possível, já  em 2016, e tem como objetivo construir um total entre 16 e 18 unidades.

Enquanto isso, a Marinha dos EUA tem um estoque de 53 submarinos, mas devido a decisões de desativação e corte no orçamento, este número cairá para 41 unidades no final da década de 20 (2020-2029).

Gato e rato

Durante décadas, os submarinos soviéticos, depois russos e norte-americanos brincaram de gato e rato sob os oceanos do mundo. Agora, parece que quaisquer que sejam os submarinos silenciosos da Marinha dos Estados Unidos, os russos os pegam o tempo todo e em todos os lugares.

Em um relatório da Stratege Page de 18 de Fevereiro de 2015 afirma: “No início de 2014 especialistas em detecção de submarinos da Marinha dos Estados Unidos ficaram alarmados quando um navio de reconhecimento electrónico russo da classe Vishnya foi avistado por várias vezes a distância junto a costa leste da Flórida, perto de várias bases aeronavais e de submarinos”.

O Vishnya avistado na Flórida foi acompanhado por um rebocador. Ambos os navios seguiram para reabastecer portos cubanos. Os dois navios estavam a ser visto pela primeira vez em Cuba, em fevereiro do corrente ano.

“O que mais assustou os tripulantes de sonar, de detecção submarina, foi dar-se conta que os computadores se tornaram poderosos e baratos o suficiente para detectarem submarinos por sinais fracos, como as ligeiras alterações nas superfície das águas, causadas pelos seus navios. Sabiam da existência desses sinais por décadas, bem como a possibilidade de que com aparelhos poderosos e sensíveis o bastante, este método poderia ser utilizado para rastrear submarinos em tempo real”.

Durante a Guerra Fria, a maior parte do potencial dissuasivo dos submarinos soviéticos no Pacífico constituiu-se de submarinos de ataque (SSN e SSK). Projetado para encontrar e destruir submarinos inimigos, suas principais tarefas eram para evitar que submarinos de mísseis balísticos inimigos viessem a lançar um ataque nuclear, além de destruir submarinos inimigos ataque antes que estes encontrassem um dos submarinos lançadores de mísseis soviéticos (SSBN). No teatro de operações submarinas do século, a frota do Pacífico será mais poderosa e terá uma proporção maior de submarinos de mísseis balísticos, o suficiente para manter em alerta a poderosa USNAVY.

SSBN (do inglês: Ship Submersible Ballistic missile Nuclear powered ).

SSN: (do inglês: Ship Submersible Nuclear powered).